Num tribunal lotado e sob olhares atentos da imprensa mundial, Dalma Maradona, filha mais velha do eterno camisa 10 da Argentina, não poupou palavras: "Se tivessem feito o seu trabalho, isso teria sido evitado". A declaração contundente foi feita nesta terça-feira (16), durante o julgamento dos profissionais de saúde acusados pela morte de Diego Maradona, ocorrida em novembro de 2020.

O processo, realizado em San Isidro, nos arredores de Buenos Aires, apura a responsabilidade de médicos, enfermeiros, um psicólogo e uma psiquiatra, todos acusados de homicídio simples com dolo eventual — quando se assume o risco de matar. Segundo Dalma, seu pai foi vítima de uma "enganação cruel", ao ser convencido de que receberia cuidados médicos equivalentes aos de uma clínica, enquanto era deixado numa casa "nojenta, que cheirava a urina".

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A filha do ídolo revelou ainda que a internação domiciliar foi apresentada como "única opção" após uma neurocirurgia. No entanto, o que se seguiu foi, segundo ela, negligência absoluta: médicos que mal apareciam, ausência de ambulância e uma estrutura que jamais existiu. Emocionada, Dalma relembrou a cena da morte do pai: "Me joguei em cima dele achando que ele fosse acordar".

Entre as denúncias, sobram críticas à falta de controle sobre o vício e à omissão diante dos problemas cardíacos do astro, reconhecidos desde o início dos anos 2000. A verdade é que, mesmo no ocaso da vida, Diego seguia cercado por bajuladores e maus conselheiros. Como tantos gênios, teve ao lado quem não soube — ou não quis — dizer não. E, agora, o tribunal busca entender quem, de fato, falhou com o maior camisa 10 que o futebol já viu.