Desigualdade salarial na Bahia é a maior do país; entenda

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Desigualdade salarial na Bahia é a maior do país; entenda

Segundo o IBGE, salário médio teve aumento recorde no estado

Crédito: Divulgação

Na Bahia, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) 2020, divulgada nesta sexta-feira (19), o rendimento médio mensal habitualmente recebido por todos os trabalhos passou de R$ 1.620 para R$ 1.849, entre 2019 e 2020, num aumento real de 14,1% (já descontados os efeitos da inflação). Foi a maior alta salarial do país e um recorde para o estado na série histórica da PNAD Contínua, iniciada em 2012.

Porém, em 2020, uma parcela importante da população brasileira e baiana deixou de trabalhar, em grande parte por causa da pandemia. A crise impactou mais os trabalhadores informais, que, por sua vez, têm os menores rendimentos. A perda de trabalho concentrada num grupo que ganha menos fez o salário médio aumentar.

O rendimento de trabalho baiano era, em 2020, o 9º menor do Brasil, abaixo da média nacional, de R$ 2.447 (que teve alta de 3,4% frente a 2019).

No ano passado, na Bahia, houve altas nos rendimentos médios de trabalho em todas as faixas de recebimento, entretanto, elas foram bem mais expressivas entre aqueles que já ganhavam mais - o que fez a desigualdade salarial seguir em alta pelo segundo ano consecutivo no estado e se tornar a maior do país.

De 2019 para 2020, enquanto os 10% de trabalhadores baianos que ganhavam menos (495 mil pessoas) viram seu rendimento médio aumentar 8,4%, de R$ 143 para R$ 155, os 10% que ganhavam mais (498 mil pessoas) tiveram um aumento, em média, de 23,2% - quase o triplo -, de R$ 6.998 para R$ 8.624.

Com isso, a diferença entre esses extremos da distribuição do rendimento de trabalho, que já era enorme, aumentou ainda mais.

No ano passado, os 10% de trabalhadores com maiores salários na Bahia recebiam, em média, o equivalente a 56 vezes o rendimento dos 10% que ganhavam menos (R$ 8.624 contra R$ 155). Em 2019, essa relação era de 49 vezes, e o aumento entre um ano e outro (+7) foi o maior do país.

Esses 10% com os maiores rendimentos também concentravam quase metade (46,9%) de toda a massa salarial do estado (soma de todos os rendimentos de todas as pessoas que trabalhavam), ou o equivalente a R$ 4,3 bilhões.

O aumento na desigualdade salarial na Bahia, em 2019, se consolidou na variação do Índice de Gini do rendimento médio mensal de todos os trabalhos no estado, que, no ranking nacional, subiu do 7º lugar em 2019 (0,529) para o maior do país em 2020 (0,557). O Índice de Gini mede a desigualdade numa distribuição qualquer e vai de 0 a 1, sendo mais desigual quanto mais próximo de 1.

O aumento da desigualdade nos rendimentos de trabalho na Bahia, entre 2019 e 2020, foi na contramão do que ocorreu no Brasil como um todo, onde ela recuou.

No ano passado, os 10% de trabalhadores brasileiros com maiores rendimentos recebiam, em média, R$ 10.110, o equivalente a 31 vezes o rendimento médio dos 10% que ganhavam menos (R$ 324). Em 2019, a relação era de 35 vezes.

De um ano para o outro, os 10% com menores rendimentos viram seu salário médio aumentar 16,1%, enquanto o aumento médio entre os 10% que ganhavam mais foi bem menor, de 2,2%. Assim, Índice de Gini dos rendimentos de trabalho no país recuou de 0,506 para 0,500, entre 2019 e 2020. 

 

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Sábado, 30 Novembro 2024

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