No cenário pré-Mundial de Clubes, um grupo entusiasmado de torcedoras do Fluminense enfrenta desafios únicos ao desembarcar na Arábia Saudita. Em meio às belezas de Jedá, à beira do Mar Vermelho, surge um comunicado impactante: biquínis proibidos, mergulhos vetados, e um hall de hotel com piscina exclusiva para homens. O país, sede do torneio, revela-se como um dos mais restritivos do mundo em relação aos direitos das mulheres.

Desafios vestimentares: torcedoras adaptam-se para respeitar costumes locais

Para as torcedoras do Fluminense, a emoção de acompanhar o time é acompanhada por uma série de adaptações. O código de vestimenta rigoroso exige modéstia e discrição. Confrontadas com a necessidade de evitar multas por desrespeitar tradições locais, as torcedoras investem em roupas abaixo do joelho, saias discretas e calças largas.

Luma Queiroz, uma das torcedoras, compartilha suas estratégias: "Estou levando blusas masculinas do Fluminense, pois são maiores. Também procurei roupas árabes, véus, mas não achei. No sábado, vou estar chegando em Jedá e vou tentar comprar roupa."

Restrições nos afetos: contato físico limitado em espaços públicos

As limitações vão além do vestuário. As regras rígidas do país também proíbem o contato físico entre cônjuges ou parceiros em locais públicos, evitando interpretações de natureza sexual. Nesse contexto, torcedores e torcedoras do Fluminense precisam ajustar sua maneira de celebrar e demonstrar apoio ao time.

Encontro adaptado: torcedores do Fluminese organizam evento conscientes das restrições

Em meio a tantas restrições, aproximadamente 300 torcedores do Fluminense em Jedá estão organizando um evento em uma churrascaria, liderado por Daniela Lin. Consciente das diferenças culturais, ela buscou orientação de guias mulheres para adaptar os planos e garantir que as atividades respeitem os costumes sauditas.

Daniela destaca a singularidade da situação: "Vou (ao Mundial) porque é o Fluminense. Se não, não iria. Eu viajo muito, mas um lugar com tantas restrições ao direito da mulher é difícil para mim. Só em 2019 que as mulheres puderam ir a jogo de futebol lá. É um desafio."

Além do futebol: restrições e proibições na Arábia Saudita

Além das peculiaridades esportivas, a Arábia Saudita impõe restrições severas em várias áreas. O porte, comércio e consumo de álcool são proibidos. Crimes são punidos com penas rigorosas, podendo incluir prisão, deportação e até a pena de morte. Manifestações de afeto entre pessoas do mesmo sexo, assim como apoio à causa LGBTQIAPN+, enfrentam penalidades rigorosas, incluindo multas, prisão e até condenações à morte.

Enquanto o Fluminense se prepara para enfrentar os desafios esportivos, suas torcedoras enfrentam uma experiência única, navegando pelas tradições e limitações de um país que ainda busca um equilíbrio entre as tradições e os eventos internacionais. O futebol, mais uma vez, serve como ponte para conectar diferentes culturas.