Sobreviventes: a vida após o câncer de mama
A vitória após a cura do câncer de mama, pode ser considerada um 'novo normal'
O conceito de "survivorship" ou "sobreviventes" é usado para retratar a situação das pacientes diagnosticadas com câncer de mama e que foram submetidas a tratamento. Estimativas recentes dos Estados Unidos indicam que centenas de milhares de vidas de mulheres foram salvas pela mamografia e avanços no tratamento nos últimos anos. Na edição deste domingo (24), da série de reportagens especiais realizada pelo Jornal Folha do Estado sobre o Outubro Rosa, o tema é a vida após o câncer de mama, afinal, o câncer não é sentença de morte, e ainda há muita esperança de vida.
A estimativa do Inca é que 66 mil novos casos de câncer de mama sejam diagnosticados ainda este ano. E vale salientar que quanto mais precoce for a descoberta, maiores as chances de cura. Mulheres de todas as idades devem fazer o autoexame da mama pelo menos uma vez por mês. A partir dos 40 anos, é indicado uma mamografia anual. Em caso de qualquer alteração, um mastologista deve ser consultado.
Tathiana França, de 42 anos, é uma survivorship, mas antes da vitória, bem como milhares de mulheres pelo mundo, enfrentou uma dura batalha contra a doença. "Eu trabalhava em uma pizzaria em 2017, e estava conversando com um funcionário e mexendo no cordão que do nada, caiu. Quando fui pegar senti um caroço no peito. Passei a mão novamente e me desesperei porque nunca tinha sentido ele antes. No dia seguinte, procurei um clínico geral que me passou uma ultrassonografia da mama. Fiz a ultra e a médica me recomendou procurar um mastologista. Aí começou minha correria contra o tempo. Mamografia, biópsia e resultado. Quando o médico falou 'Tathi, você está com câncer de mama', eu me desesperei, gritei, chorei, porque infelizmente a gente não lembra de quem se curou, só lembra do artista ou do conhecido que faleceu", relatou Tathiana.
O câncer que ela teve foi do tipo triplo negativo, considerado o mais agressivo. "Passei por oito sessões de quimioterapia sendo quatro vermelhas e quatro brancas. Meu cabelo caiu 15 dias após a primeira sessão e a sobrancelha também. Em maio de 2018 passei pela operação mastectomia total. Esse foi e continua sendo o momento mais difícil, eu me olhar no espelho sem uma mama. Dou graças a Deus também porque estou viva e a cicatriz é a marca da minha vitória", comemorou.
De acordo com a oncologista Sabrina Chagas não se sentir sozinha é um dos principais componentes para que as mulheres com câncer de mama passem com menos impacto pela doença. "Grupos de apoio são fundamentais para a paciente se sentir acolhida, perceber que não está sozinha. Mas, é importante lembrar que cada doença é única e que nenhuma história é igual à outra", disse. E para "Tathi" - como gosta de ser chamada – o maior círculo de apoio foi a família. "Minha família e meus filhos foram meu porto seguro em todo o tratamento, sem o apoio deles seria bem mais difícil. E Deus me sustentou todos os dias, porque sem Ele nada somos", lembra.
Neste ano, fazem 3 anos que Tathiana está curada do câncer e ela comemora, dando um conselho para mulheres que passam pela situação. "Hoje, estou curada! Para aquelas mulheres que pegaram o diagnóstico recente ou estão passando pelo que passei, não desistam, lutem! Cabelo nasce, sobrancelha também: o mais importante que isso tudo é a nossa vida, é a nossa cura!".
E a vitória após a cura do câncer de mama, pode ser considerada um 'novo normal'. A Dra. Ana Beatriz Matos explica qual o estilo de vida deve ser adotado nesta nova fase. "Pacientes que foram tratadas por câncer de mama devem realizar consulta com o mastologista a cada 3 a 6 meses nos primeiros 5 anos após o tratamento e após pelo menos uma vez a cada ano. Durante essas visitas, a paciente passará por um exame físico e poderá conversar com seu médico sobre como está se sentindo".
A médica também recomenda a autoconsciência. "Muitas pacientes emergem do tratamento do câncer de mama com uma sensação de maior força e sabedoria. Recomendo que percebam que a jornada que passaram, fez de cada uma delas uma pessoa diferente. Se abracem! Usem esse autoconhecimento para melhorar suas vidas", conclui Dra. Ana Beatriz.
Comentários:
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.
Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.