Mastectomizadas podem resgatar autoestima e superar tratamento
Cirurgia é realizada para remover o máximo possível do tumor
Mundialmente, o câncer de mama é o mais incidente entre as mulheres e a principal causa de morte feminina no Brasil. Com base nessas perspectivas, o diagnóstico positivo é um dos maiores temores, e afeta não somente o aspecto emocional, como psicológico e físico. Neste Outubro Rosa, em que se promovem debates de conscientização sobre a prevenção, detecção e também tratamento da doença, o Jornal Folha do Estado realizou uma série de matérias especiais, buscando conhecer histórias de pessoas que passaram pela doença, que estão em tratamento e de quem cuida dessas pessoas. Nesta última matéria, o tema é o resgate da autoestima de mulheres mastectomizadas. Maércia Romara, de 33, descobriu numa sexta-feira de Carnaval, que tinha câncer de mama, e com 27 anos de idade na época, ela fez uma mastectomia radical.
"Em 2014, eu senti uma pontada do lado direito da mama, coloquei a mão e notei um pequeno caroço. Em uma semana, esse caroço cresceu. Procurei minha ginecologista, ela me examinou, pediu um ultrassom e já me encaminhou para uma mastologista, disse para eu levar o resultado direto para essa médica", lembrou Maércia.
A mastectomia é realizada para remover o máximo possível do tumor e até aliviar os sintomas do câncer de mama avançado. Nesse procedimento toda a mama é retirada, incluindo todo o tecido mamário e às vezes outros tecidos próximos. Existem vários tipos diferentes de mastectomias. Algumas mulheres também podem fazer uma mastectomia dupla, que consiste na remoção das duas mamas.
"Meu seio ficou deformado, as pessoas percebiam a diferença de tamanho pela blusa. Quando saiu a biópsia, o tumor já estava com 6 cm, do tamanho de uma laranja. Meu caso foi considerado grave, marcamos a quimioterapia o quanto antes, estamos correndo contra o tempo. Isso foi em uma quinta-feira, na segunda eu já fiz a primeira químio. Foram 16 sessões. Duas semanas após a químio, fiz a mastectomia radical da mama direita sem o esvaziamento axilar", disse.
Neste momento, a autoestima das mulheres é colocada em cheque, e precisam de apoio. Pensando nisso, em Feira de Santana surgiu um projeto para apoiar mulheres mastectomizadas e devolver a elas sua autoestima. A iniciativa foi de Maria Bethânia Knoedt, uma das fundadoras da Associação de Apoio à Pessoa com Câncer (AAPC), quando ainda era presidente da entidade. "Com muito amor, coragem, trabalho, dedicação e carinho, ampliamos nosso olhar para as mulheres com câncer de mama, que frequentavam a AAPC. Fiz vários projetos lá, entre eles, o SOS MAMA, projeto dedicado às mulheres mastectomizadas, onde fazíamos seios de tecido e dentro, colocávamos polietileno - bolas de isopor", contou Bethânia. O SOS mama funciona até hoje na unidade, mas já não é nos moldes em que foi introduzido. "As meninas na época começaram a reclamar que quando dormiam, as bolinhas corriam para baixo, para os lados, então resolvemos fazer um contrato com a Casa do Hospital, especializada em artigos e equipamentos para hospitais em Feira de Santana, para darmos as mulheres as mamas de silicone, acopladas ao sutiã, foi um sucesso total", comemorou a fundadora do projeto.
Após a doação de uma máquina de costura, juntamente com Helena Conserva, cada vez mais mamas foram produzidas. "Helena costurava as próteses e eu saía procurando nas indústrias o polietileno. Quando entregamos as próteses as mulheres ficam muito satisfeitas de ver um conforto maior e ter certeza e esperança que elas podem sim estar com o seio no lugar sem ter vergonha de sair de casa", elucidou Bethânia.
No caso de Maércia, a opção foi a reconstrução da mama de forma cirúrgica. "Paguei R$ 14 mil das despesas hospitalares e do silicone. O médico fez a reconstrução da mama com a minha pele das costas e refez a aréola com pigmentação. Ele colocou 350ml de silicone na mama direita, 150ml na mama esquerda e fez a simetrização nas duas para ficarem iguais. Chorei de felicidade quando me vi, foi libertador. Não tinha mais vergonha e não precisava mais me esconder de ninguém", finalizou.
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