Veto ao reconhecimento das comunidades de Matriz Africana gera debate acirrado na Câmara Municipal
A maioria dos vereadores decidiu pela manutenção do veto, feito ainda na gestão municipal anterior, mas justificaram com base em critérios de religiosidade
Feira de Santana Noticias 24h - - Foi debatido na sessão de ontem (11), na Câmara Municipal de Feira de Santana, o PL n° 76/2024, de autoria da vereadora Eremita Mota (PP), que reconhece os povos e as comunidades tradicionais de matriz africana, presente na cidade, e torna, portanto, suas ancestrais integrantes do patrimônio cultural, de natureza imaterial, do Município de Feira de Santana. O projeto teve parecer da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR), opinando pela rejeição do veto.
A maioria dos vereadores decidiu pela manutenção do veto, feito ainda na gestão municipal anterior, mas Eremita Mota, autora do projeto, acredita que essa não foi uma decisão orgânica e sim a pedido do poder executivo.
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Alguns vereadores justificaram o veto com questões relacionadas à religiosidade. A vereadora conclama representantes dos setores culturais, no município, para que se manifestem em apoio ao projeto e contra o fundamentalismo religioso.
"É uma câmara que, infelizmente, nós temos um grupo bom de evangélicos e que entenderam que esse projeto não é de cunho específico religioso. É um projeto cultural! Nós temos vários edifícios de Feira de Santana com a continuidade da cultura. Então, reprovar um projeto desse é um grande retrocesso para aquelas pessoas, para a forma da gente respeitar o nosso próximo, as nossas culturas, as nossas individualidades. Então, é uma pena! Infelizmente, nós temos pessoas que ainda não sabem qual é o propósito real dessa casa. Eu vou lamentar e sentir vergonha de ter um grande projeto dessa magnitude e ser reprovado nessa casa. Acho que a cultura de Feira deveria formar um empenho, um protesto, ser contra essas atitudes aqui da casa, porque assim como foi esse projeto, vão ter outros. Então tudo fica na mesmice, na continuidade, porque não tem uma cobrança. Fiz a minha parte como parlamentar, infelizmente não deu certo", defende.
"É uma câmara que, infelizmente, nós temos um grupo bom de evangélicos e que entenderam que esse projeto não é de cunho específico religioso. É um projeto cultural! Nós temos vários edifícios de Feira de Santana com a continuidade da cultura. Então, reprovar um projeto desse é um grande retrocesso para aquelas pessoas, para a forma da gente respeitar o nosso próximo, as nossas culturas, as nossas individualidades. Então, é uma pena! Infelizmente, nós temos pessoas que ainda não sabem qual é o propósito real dessa casa. Eu vou lamentar e sentir vergonha de ter um grande projeto dessa magnitude e ser reprovado nessa casa. Acho que a cultura de Feira deveria formar um empenho, um protesto, ser contra essas atitudes aqui da casa, porque assim como foi esse projeto, vão ter outros. Então tudo fica na mesmice, na continuidade, porque não tem uma cobrança. Fiz a minha parte como parlamentar, infelizmente não deu certo", defende.
O vereador Ivamberg (PT), repudia o veto ao projeto e diz que falta respeito. "Chamo atenção da população feirense para que quando for votar, em vereadores, que escolha aqueles que realmente trabalhem para população. O veto ao projeto que reconhece os povos e as comunidades tradicionais de matriz africana, é muito grave! Nada tem a ver com religião, a cultura tem que ser respeitada e essa cultura pode receber incentivos a partir dessa Lei, incluindo até incentivos internacionais. A gente negar isso é negar a cultura, e é grave. A bancada que eles chamam de evangélica fez todo movimento contra. Falta respeito, esse projeto não é sobre religião, é sobre valorização da cultura que é nossa".
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