Procuradoria aponta fake news de Flávio sobre Lula, mas descarta punição

Política FLÁVIO BOLSONARO

Procuradoria aponta fake news de Flávio sobre Lula, mas descarta punição

Vídeo postado pelo filho do presidente Jair Bolsonaro (PL) é uma montagem

A Procuradoria-Geral Eleitoral afirmou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que uma publicação do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) contra o ex-presidente Lula (PT) pode ser enquadrado como fake news, mas se posicionou contra a imposição de punição ao parlamentar.

O vídeo postado nas redes sociais pelo filho do presidente Jair Bolsonaro (PL) é uma montagem cujo objetivo é passar a impressão de que Lula diz que estava "falando com o demônio" e que o "demônio estava tomando conta" dele.

A Procuradoria concordou com a representação do PT no sentido de que a gravação foi editada para prejudicar a imagem do petista. "Costuma-se associar esse tipo de procedimento ao conceito de fake news", afirmou o órgão.

No entanto, a Procuradoria disse que não ficou comprovado que a publicação ocorreu no "contexto" das eleições nem que ela tenha afetado a "integridade do processo eleitoral". Por isso, deu parecer contra a ação que cobrava uma punição a Flávio por propaganda eleitoral negativa antecipada e o pagamento de indenização ao petista.

A manifestação foi assinada pelo procurador-geral Eleitoral, Paulo Gonet, que é indicado pelo procurador-geral da República, Augusto Aras para o cargo.

Na postagem em questão, o senador pedia que seus seguidores nas redes sociais marcassem os líderes religiosos que acompanham e enviassem a eles o vídeo de Lula.

O parlamentar também transcreveu a seguinte afirmação do ex-presidente: "Eu estou falando com o demônio e o demônio está tomando conta de mim". O discurso editado do petista, que é candidato a presidente da República, ocorreu em agosto de 2021 na Bahia.

A Procuradoria afirmou que o vídeo foi manipulado para "inculcar representação falsa da realidade". Gonet disse que foi "extirpado" da gravação do discurso de Lula "trecho essencial que desfigurou seu sentido original".

Apesar disso, o procurador afirmou que o "contexto eleitoral" do caso não está caracterizado para ensejar punição do TSE a respeito.

"Produzir ou reproduzir fake news não será sempre necessariamente assunto da competência da Justiça Eleitoral. Para que assim seja, há de estar presente ou o conteúdo eleitoral ou o ataque à integridade do processo eleitoral", disse.

Ele afirmou ainda que o "político vitimado pela trucagem" –neste caso Lula– "dispõe de tempo e de recursos para desmentido público, restabelecendo a verdade dos fatos e expondo táticas repulsivas empregadas por adversários do mundo político".

Além de Flávio, a representação do PT também se volta contra o vereador bolsonarista de Cascavel (PR) Romulo Quintino. A Procuradoria se posicionou contra a punição dos dois.

Na defesa apresentada ao TSE, Flávio afirmou que a publicação, quando muito, seria apenas uma crítica à posição de Lula, além de ter citado a distância entre a data da publicação e as eleições de 2022.

Quintino, por sua vez, alegou que não foi o responsável por produzir o vídeo e que apenas compartilhou a publicação. Também afirmou que não houve pedido de voto no conteúdo publicado e afirmou que não há prova pericial que ateste a adulteração do conteúdo.

Ambos os representados também alegaram que suas publicações foram imediatamente retiradas do ar, assim que surgiu a suspeita de serem fraudadas.

No parecer, o procurador mencionou o fato de a representação do PT não ter indicado quando a postagem foi publicada e por quanto tempo ficou no ar para que se pudesse aferir "a potencialidade danosa do fato".

Gonet diz que não há "pedido expresso de não voto" e cita as disputas políticas que costumam opor os envolvidos no processo. "Há, sem dúvida, relação com disputas ideológicas que há muito estremam os personagens dos autos; não está evidenciado, todavia, o conteúdo eleitoral relevante para o bem jurídico tutelado pela norma de direito eleitoral".

A relatora do caso é a ministra substituta do tribunal, Maria Cláudia Bucchianeri. 

 

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Domingo, 22 Dezembro 2024

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