Lula ignora disputa pelo Senado e evita falar de ataque a evento no RJ

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Lula ignora disputa pelo Senado e evita falar de ataque a evento no RJ

Em seu discurso, Lula não se posicionou na disputa

Crédito: Divulgação

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ignorou a disputa ao Senado no Rio de Janeiro entre o PT e o PSB em evento na Cinelândia, no centro da cidade, na noite desta quinta-feira (7).

O petista também evitou comentar ataque com artefato explosivo no local, que ocorreu antes de sua chegada.

A disputa pelo espaço como candidato ao Senado gerou constrangimentos no palanque. O presidente da Assembleia Legislativa, André Ceciliano (PT), e o deputado federal Alessandro Molon (PSB) trocaram ataques indiretos em discursos e disputaram espaço nos materiais de campanha no ato.

Ceciliano teve espaço privilegiado no palanque, com vídeo e jingle sendo apresentados nos telões. Ele discursou com a presença de Lula no palco e atacou "covardes" que deixaram o partido em momentos de crise. Foi uma indireta a Molon, que deixou a sigla em 2015.

"O senhor não vai ter só momentos bons na Presidência. O senhor vai poder contar com um senador que não vai tirar o pé da bola dividida, que não vai abandonar como muitos fizeram, covardes, que abandonaram o Partido dos Trabalhadores no momento mais difícil", disse.

"Eu nunca saí do PT, eu fiquei, defendi o seu legado, defendi a presidente Dilma. Mas os covardes saíram", continuou.

A equipe de Molon, por sua vez, enviou militantes com placas com seu nome junto de Freixo e Lula. Também realizou uma mega projeção na fachada de um prédio bem à vista do palco.

O deputado do PSB discursou antes da chegada de Lula e não ficou no palco após a chegada do ex-presidente.

Também com indiretas a Ceciliano, defendeu enfrentamento ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao governador do RJ, Cláudio Castro (PL), "sem ambiguidades". A fala faz referência ao bom relacionamento de Ceciliano com o governador e bolsonaristas no estado.

"Temos três senadores bolsonaristas representando nosso estado. Não trouxeram nada para o Rio. Precisamos mudar essa história. No Rio, precisamos enfrentar Bolsonaro com determinação, sem conciliação, derrotar Cláudio Castro sem conciliação, sem ambiguidades."

O deputado Marcelo Freixo (PSB), pré-candidato ao governo, afirmou em discurso que "qualquer diferença que tenha entre a gente é muito menor do que a responsabilidade que temos pela frente".

"Nós precisamos de união. Às vezes dentro da esquerda tem um esbarrão em um e outro, um arranhão. Quero dizer que qualquer diferença que tenha entre a gente é muito menor do que a responsabilidade que temos pela frente. Temos a responsabilidade de derrotar o Bolsonaro no Rio de Janeiro."

Em seu discurso, Lula não se posicionou na disputa. Fez questão apenas de apresentar Freixo como seu único candidato a governador, mas nada falou sobre o Senado.

"Vim aqui para tirar as dúvidas das pessoas. Aqui no Rio de Janeiro eu tenho candidato a governador chamado Marcelo Freixo. Não tenho nada contra ninguém, contra os outros. Quem quiser ser candidato que seja. Mas é preciso ficar claro que cada companheiro que vai votar no Lula saiba que é importante votar no Freixo", disse.

"Quando eu estava na situação difícil, esse companheiro não negou um dia sequer de solidariedade", continuou Lula.

Lula ressaltou que ainda não pode pedir voto porque a campanha não começou oficialmente –e criticou Bolsonaro. "Jamais imaginei que ia voltar à Presidência outra vez. Estou conversando com vocês sem poder pedir voto, porque a lei não permite que peça voto. Só o Bolsonaro. Aqui não podemos", disse.

"Eu posso não ser melhor que ninguém. Mas melhor do que essa coisa que está aí eu tenho certeza que eu sou", disse ainda.

O ex-presidente também afirmou que, caso eleito, irá reverter os sigilos de cem anos impostos por Bolsonaro "no primeiro decreto que eu fizer", e que o país precisa "gostar de livros, e não de armas, de amor, e não de ódio".

Nem Lula nem os demais políticos que discursaram mencionaram o ataque com artefato explosivo que ocorreu no espaço antes de o ex-presidente chegar.

Como a Folha de S.Paulo mostrou, o ato foi alvo de um artefato explosivo que agravou a tensão na pré-campanha do petista, alvo de seguidos episódios de ataques nos últimos meses.

A bomba caseira, aparentemente feita de garrafa PET, foi lançada do lado de fora da área isolada em frente ao palanque, antes da chegada de Lula.

Segundo a Polícia Militar do Rio, "um homem infiltrado no ato" da Cinelândia foi detido e conduzido à delegacia após ter arremessado "um artefato explosivo de festas juninas" na área cercada pelo palco.

O suspeito foi autuado em flagrante por crime de explosão. Aos policiais civis ele admitiu ter jogado uma garrafa com explosivo de festa junina e urina. 

 

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