Lula diz que Bolsonaro promoveu 'apagão científico' que resultou em mortes na Covid-19
O discurso foi feito durante encontro com a SBPC
Em evento da comunidade científica, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quinta-feira (28) que o governo Jair Bolsonaro (PL) foi responsável por um apagão na área e é responsável por parte das quase 680 mil mortes por coronavírus no Brasil durante a pandemia.
"O resultado mais trágico desse apagão científico que estamos sofrendo hoje são os quase 680 mil brasileiros mortos pela Covid. Muitos deles porque o atual presidente ignorou todas as recomendações da comunidade científica, chegando ao cúmulo de boicotar as vacinas, que salvaram milhões de vidas ao redor do mundo", afirmou o petista.
O discurso foi feito durante encontro com a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), onde estavam presentes também o ex-ministro de Dilma Rousseff (PT), Renato Janine Ribeiro -hoje é presidente da entidade- e Aloizio Mercadante, atual coordenador da campanha de Lula.
O ex-presidente também voltou a criticar a aprovação do teto de gastos -"que tira dos ricos para dar aos pobres"-, o chamado orçamento secreto e disse que não mais vai privatizar empresas públicas, uma das agendas econômicas do atual governo.
Para Lula, o processo de desmonte das instituições públicas começou com o "golpe", o impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, em 2016, e chega a seu ápice com Bolsonaro, que "colocou o Brasil numa máquina do tempo rumo ao passado".
"Fome, desemprego, destruição dos direitos trabalhistas, inflação, corrupção e ameaças à democracia são as marcas desse desgoverno que nega a ciência em todos os seus atos", disse.
Lula disse que, com a oficialização de sua nova empreitada eleitoral, não quer mais ser chamado de "pré-candidato", mas de "candidato". E ironizou o fato de Bolsonaro afirmar que não há corrupção no atual governo: "Parece que ele não sabe a família que tem".
"Para toda e qualquer denúncia perto dele, ele, por decreto, decreta sigilo de cem anos, que é uma coisa que nós vamos fazer um 'revogaço' [destas medidas]", afirmou.
Finalmente, o ex-presidente e atualmente candidato à Presidência afirmou que a ciência e o fortalecimento das universidades públicas são essenciais para o fortalecimento da democracia e da soberania nacional.
A SBPC chamou os três presidenciáveis com mais pontos nas pesquisas de intenção de votos para participar de debates, e Lula, que lidera segundo o último Datafolha, foi o primeiro. Ciro Gomes (PDT), em terceiro, marcará presença no evento nesta sexta-feira (29).
Segundo a organização do evento, Jair Bolsonaro não respondeu ao convite.
A presença no evento é um aceno de Lula à comunidade científica e marca mais uma vez oposição às posições de Bolsonaro durante a pandemia.
O atual presidente defendeu o uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra o coronavírus, como a cloroquina, foi contra o isolamento social e por diversas vezes desrespeitou o uso de máscaras faciais -todas posições criticadas por cientistas e pesquisadores.
Lula foi entrevistado pelo ex-ministro da Educação Renato Janine Ribeiro, no governo Dilma Rousseff (PT), e recebeu dele um documento com propostas de políticas públicas.
Nele, a SBPC trata de 12 temas, que "devem estar inseridos na construção, consolidação e fortalecimento da democracia e na necessidade de inclusão social".
O documento traz propostas para a condução da ciência, da educação, saúde, meio ambiente, das mudanças climáticas, da segurança pública, da diversidade de gênero e raça, da questão indígena, da cultura e dos direitos humanos.
"O objetivo é exigir dos atores que desejam ingressar ou permanecer no cenário político após as eleições de 2022 o comprometimento com essas pautas, por meio da assinatura dos candidatos", afirma o texto.
Durante seu discurso, Lula se comprometeu a ampliar o orçamento de instituições de fomento à pesquisa, como o CNPQ, direcionar uma parcela do fundo do pré-sal para a ciência, ampliar o acesso à internet banda larga e defendeu a "inclusão sócio produtiva dos povos indígenas" e agricultores familiares.
Também está na agenda do petista a convenção nacional do PSB, nesta sexta (29), partido de seu vice, Geraldo Alckmin. Ainda há algumas pontas soltas na aliança entre os dois partidos em alguns estados.
Uma delas, começou a se resolver na última quarta-feira (27), quando a cúpula do PT foi informada da retirada da pré-candidatura do ex-deputado federal Beto Albuquerque ao Governo do Rio Grande do Sul.
Segundo relato da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), o PT ofereceu ao PSB a vice na chapa ao governo do estado, encabeçada pelo deputado estadual Edegar Pretto.
Na terça-feira (26), Beto admitiu à Folha de S.Paulo a hipótese de desistência. "Sem recursos, não vai", disse, reconhecendo dificuldades materiais para sua campanha. Há a expectativa que o entrave se resolva durante a passagem de Lula a Brasília.
A desistência de Beto não representaria apoio automático do PSB ao PT. No Rio Grande do Sul, uma parcela do partido trabalha por uma aliança com o tucano Eduardo Leite.
Outro ponto que ainda está em aberto é a montagem do palanque no Rio de Janeiro, tema que deve ser debatido pelos petistas na próxima semana.
A pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Carlos Siqueira desembarcou nesta quarta-feira no Rio com a missão de convencer o deputado federal Alessandro Molon (PSB) a abrir mão da candidatura ao Senado em favor de André Ceciliano (PT).
Ao dissuadir Molon, Siqueira pretende esvaziar o argumento de petistas que ameaçam abandonar o palanque de Marcelo Freixo ao Governo do Rio sob o pretexto de que seu partido, o PSB, desrespeitou o acordo pelo qual, dentro da chapa, a vaga ao Senado caberia ao PT.
Ainda, Lula terá encontros e reuniões com representantes da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), da Confederação Nacional de Transportes e políticos aliados.
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