Eduardo Leite diz que Doria abrirá mão de candidatura se for preciso
Na última pesquisa do Datafolha, Leite apareceu com 1% das intenções de voto
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), afirmou nesta terça-feira (29), em entrevista à GloboNews, que João Doria (PSDB) pode desistir de sua pré-candidatura à Presidência por um nome "que tenha condições de reunir forças em torno de um projeto".
Leite acrescentou que o seu sentimento é o mesmo de Doria: "Estou pronto para apoiar quem tiver condição [de rivalizar com Bolsonaro e Lula], mas tem muita gente que entende que eu devo liderar um processo como esse".
"Percebo que há um sentimento em comum entre todos: viabilizar uma candidatura. As pesquisas mostram que há muita rejeição ao atual e ex-presidente [Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva]."
Na última pesquisa do Datafolha, divulgada na semana passada, Leite apareceu com 1% das intenções de voto no cenário em que ele substitui Doria como candidato. Na simulação com Doria, o governador de São Paulo marca 2% das intenções de voto.
Aliados de Leite no partido, liderados pelo deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), trabalham para que ele seja chancelado por outros partidos da chamada terceira via, sob o argumento de que ele seria um candidato mais viável que Doria.
Segunda-feira (28), o governador do Rio Grande do Sul anunciou a renúncia ao cargo. Em tom eleitoral, ele disse que estava deixando o governo para respeitar a legislação eleitoral e que "se sente preparado para ser presidente".
À GloboNews, Leite disse que "se simplesmente quisesse ser candidato à Presidência, tinha caminho para isso". O governador declinou um convite do PSD para se filiar ao partido e se lançar na corrida eleitoral.
"Quero ajudar na união de forças, na formação de grande conjunto de atores políticos que ajudem a apresentar uma alternativa", afirmou Leite. "Se é para participar ativamente, seja como protagonista ou nos bastidores, é difícil fazer isso rivalizando com a atenção que o governo administrativo exige."
O UOL procurou a assessoria de imprensa de Doria, mas ele não irá comentar as declarações de Leite. "Os planos do governador seguem os mesmos".
LEITE DIZ QUE RESULTADO DAS PRÉVIAS "NÃO É CORRENTE"
Em entrevista à GloboNews, o governador Eduardo Leite afirmou que "as prévias têm sua validade", mas que não são correntes e que o partido não precisa ficar amarrado.
João Doria venceu a votação interna do PSDB para ser o candidato da legenda na disputa pela Presidência da República em 2022. O governador de São Paulo registrou 53,99% dos votos, enquanto Leite ficou com 44,66%.
"Ninguém está deslegitimando as prévias. O ponto é que não é sobre prévias, partidos ou aspirações pessoais. É sobre o Brasil. Todos precisam ter humildade", afirmou Leite.
Leite também criticou a polarização nas eleições. "Bolsonaro diz que temos inimigos internos e está declarando guerra, mas não dá para desprezar que a divisão começa com o PT, que sempre fez a campanha 'Nós contra eles'".
DORIA DIZ QUE PSDB TROCAR PRÉ-CANDIDATO SERIA 'GOLPE'
O pré-candidato à Presidência pelo PSDB e governador de São Paulo, João Doria, afirmou que trocar o representante do partido na corrida eleitoral deste ano seria um golpe e ato contra a democracia.
"As prévias [eleitorais da sigla] valem. Qualquer outro sentimento diferente disso é golpe. Uma tentativa torpe, vil, de corroer a democracia e fragilizar o PSDB", disse o governador hoje em coletiva de imprensa.
Doria pediu que a decisão do partido seja respeitada. "As prévias foram realizadas durante três meses em todo o Brasil, 44 mil eleitores do PSDB votaram. Houve a homologação, um ato celebrado em Brasília com os três candidatos que disputaram, o senador Arthur Virgílio, o governador Eduardo Leite e eu, com a presença do presidente nacional do PSDB".
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