Coaf aponta movimentações atípicas de empresa que vendeu blindados à PRF
Fundada por apoiadores de Trump nos EUA, Combat Armor veio para o Brasil em 2019
Órgão do Banco Central voltado para o combate à lavagem de dinheiro, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou movimentações financeiras atípicas de empresa que vendeu carros blindados à Polícia Rodoviária Federal (PRF) no governo de Jair Bolsonaro (PL).
A Combat Armor Defense do Brasil já é investigada pelo Ministério Público Federal (MPF) por suspeitas de fraudes em licitação no período em que Silvinei Vasques era ex-diretor-geral da PRF. Entre 2020 e 2022, ao menos R$ 30 milhões foram pagos pela PRF para blindar viaturas e fabricar blindados, sendo que alguns veículos nunca foram usados.
De acordo com informações da coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo, um relatório do Coaf em posse da CPMI dos atos golpistas de 8 de janeiro aponta que a empresa realizou movimentações financeiras incompatíveis com sua capacidade econômica.
Conforme o documento, outros comportamentos suspeitos da Combat Armor foram o recebimento de valores que foram debitados imediatamente de suas contas e saques em espécie realizados de forma fragmentada dentro de período de cinco dias. Segundo a publicação, a suspeita é que a medida visa burlar o valor total da operação para evitar que as autoridades sejam comunicadas sobre as movimentações.
Além disso, o relatório aponta que ao visitar uma das instalações da empresa "não foram encontrados veículos e nenhum tipo de maquinário" para a realização de blindagem. Segundo o Coaf, a Combat Armor teria prestado "informação de difícil ou onerosa verificação".
A empresa foi fundada nos Estados Unidos por um apoiador do ex-presidente Donald Trump e instalada no Brasil em 2019, durante a gestão de Bolsonaro. Segundo o Conselho de Controle de Atividades Financeiras, no início da operação no país ela tinha um faturamento médio mensal de R$ 58,5 mil, mas entre junho de 2021 e abril de 2022 chegou a receber R$ 4,8 milhões.
Boa parte do volume de receitas vieram do setor público, sendo mais de R$ 3 milhões provenientes de pagamentos feitos pela PRF e R$ 1,7 milhão do governo do Rio de Janeiro, comandado por Cláudio Castro (PL), aliado do ex-presidente.
Conforme apontou o Coaf, naquele mesmo período foram debitados R$ 4,7 milhões da empresa para outros empreendimentos e contas da própria Combat Armor. "A movimentação apresentada não condiz com o faturamento declarado", afirmou o órgão de controle, cujo relatório apontou ainda suspeitas acerca das movimentações entre abril de 2022 e junho deste ano, que foram consideradas incompatíveis com o faturamento mensal. No período, os créditos recebidos totalizaram R$ 18,6 milhões.
O órgão indicou ainda que durante visita às instalações da empresa foram encontradas "controvérsias sobre os serviços" prestados e não foram vistos instrumentos para a blindagem de carro.
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