Endorfina do esporte: combustível para a resiliência ucraniana
Vitórias esportivas se tornam fonte de força e esperança durante o conflito com a Rússia
Em meio à guerra que há quase três anos devasta a Ucrânia, o esporte surge como uma válvula de escape fundamental para o povo ucraniano. A resiliência de seus atletas, que continuam a competir e a conquistar vitórias, é um reflexo da força de uma nação que, mesmo com o país em ruínas, encontra nas glórias esportivas uma esperança renovada. O ministro da Juventude e do Esporte da Ucrânia, Matviy Bidnyi, não tem dúvidas: "Os ucranianos precisam de endorfinas, e esses momentos de vitória ajudam demais."
A endorfina, o hormônio da felicidade, tem sido mais que um alívio físico para os ucranianos. Ela tem sido a âncora emocional em tempos de dor, traumas e perda. A esgrimista Olga Kharlan, medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de Paris, fez questão de dedicar sua medalha ao povo ucraniano e aos soldados que lutam no front. "Esta medalha é para o meu país, para seus defensores e para aqueles que não puderam estar aqui", afirmou a atleta, emocionada. O esporte, em tempos de guerra, tem sido um alicerce para a saúde mental, especialmente entre os jovens, que encontram nas competições uma razão para continuar acreditando.
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Apesar de mais de 500 instalações esportivas destruídas ou danificadas, a paixão pelo esporte permanece inabalável. Em Dnipro, a academia de formação de atletas, embora comprometida por bombardeios, ainda forma campeões como Yaroslava Mahuchikh, ouro no salto em altura. Mesmo em áreas com risco constante de ataques aéreos, adolescentes continuam a correr e treinar em estádios danificados, demonstrando uma força impressionante. "O esporte é uma das melhores ferramentas para manter alguma saúde mental", disse Bidnyi, sublinhando que, mesmo diante de dificuldades extremas, os ucranianos não abandonaram seus sonhos olímpicos.
Nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, a Ucrânia conquistou 12 medalhas e subiu no ranking, superando seu desempenho em Tóquio. A competição em Paris, considerada um feito heroico, representou a união entre a dor da guerra e a esperança em dias melhores. "Todos nós tínhamos, temos, alguém na linha de frente", afirmou o ministro. O fato de que, mesmo sob essas condições, a Ucrânia obteve resultados tão expressivos, é a prova do poder de resiliência e superação de sua população.
Entretanto, a guerra ainda deixa suas marcas no futuro do esporte. Com mais de 2 milhões de jovens fora do país, o desafio de reconstruir o sistema esportivo ucraniano é imenso. "A próxima geração de atletas foi perdida", lamenta Vadym Gutzeit, presidente do Comitê Olímpico Nacional da Ucrânia. Contudo, como destacou Bidnyi, a luta continua, e a vitória, tanto nos campos de batalha quanto nas quadras, permanece sendo um objetivo de todos.
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