As barreiras invisíveis da corrida feminina
Mulheres enfrentam desafios de segurança, saúde e estigmas enquanto buscam superação
Correr, para muitos, é uma atividade simples e prazerosa, mas para as mulheres, o ato de dar os primeiros passos na pista é carregado de desafios diários. Isabela Schultz, estudante de medicina e corredora, compartilha sua experiência, marcada por uma série de obstáculos que vão muito além do físico. Em sua trajetória, iniciada durante a pandemia, quando as academias estavam fechadas, Isabela viu-se em um cenário de insegurança, onde o prazer de correr ao ar livre se transformava em uma constante vigilância. O medo de ser alvo de violência e a necessidade de pensar no horário, roupa e trajeto são questões que a maioria dos homens sequer imagina, mas que fazem parte da rotina de todas as mulheres que decidem calçar os tênis e sair para correr.
No entanto, a jovem corredora não se deixa abater. Ela revela que, ao longo do tempo, aprendeu a adaptar-se, buscando soluções como treinar em horários mais seguros e até mesmo evitar correr à noite. Mas o desrespeito de desconhecidos que gritam ou seguem as corredoras nas ruas é um tema recorrente em sua história. Isso, somado aos desafios hormonais que interferem no seu rendimento, como cólicas intensas durante o ciclo menstrual, torna a corrida uma atividade que exige mais do que esforço físico, mas também resistência emocional e mental.
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Em meio a essas dificuldades, Isabela encontrou na solidariedade feminina uma força vital. Ela observa com otimismo o crescimento de corridas exclusivas para mulheres, um movimento que, em suas palavras, permite que as participantes compartilhem não só a paixão pelo esporte, mas também as frustrações comuns que permeiam a vivência feminina no mundo da corrida. Para ela, essas corridas se tornaram uma maneira de construir uma comunidade de apoio, onde o incentivo e a empatia são a base de um novo tipo de experiência esportiva.
E, como todo bom jornalista esportivo, é impossível não reconhecer o poder transformador da corrida, que vai muito além da competição. Para mulheres como Isabela, a pista é um espaço de superação, um reflexo de uma sociedade que, embora cheia de desafios, também está aprendendo a celebrar suas conquistas com mais união e força. Afinal, correr é um ato de resistência, e para quem tem coragem de dar o primeiro passo, a chegada nunca é apenas sobre cruzar a linha de chegada, mas sobre quebrar as barreiras invisíveis do caminho.
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