Um ano sem Gal Costa: cantora faleceu aos 77 anos em 9 de novembro de 2022

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Um ano sem Gal Costa: cantora faleceu aos 77 anos em 9 de novembro de 2022

A morte ganhou um capítulo polêmico após as críticas ao velório da artista 

Crédito: Wilian Aguiar/Facebook/Gal Costa

Gal Costa, nascida e criada no bairro da Graça, em Salvador, dona de uma das vozes mais afinadas e fortes da música brasileira, se calou para sempre após um infarto no dia 9 de novembro de 2022. A partida repentina, aos 77 anos, surpreendeu os fãs.

O cantor Caetano Veloso relembrou nesta quinta-feira (9) a despedida da cantora em seu perfil no Twitter. Gal e Caetano se conheceram em 1963, por meio de Dedé Gadelha, vizinha e amiga da cantora, com quem Caetano se casaria anos depois. Da união entre Caetano e Dedé nasceu o cantor e compositor Moreno Veloso, que foi dado à Gal para batizar.

"Hoje faz um ano que Gal morreu. Nem acredito. É como se tivesse sido ontem, é como se não tivesse sido. Emissão de voz que já era música antes de ela entrar um tanto nalguma música. Não dá para medir, não dá para entender. No filme que Dandara e Lô fizeram ri e chorei lembrando os começos. Agora, ela ter ido embora não metabolizo. Já faz um ano que o mundo não tem Gal? Impossível aceitar."

A morte de Gal ganhou um capítulo polêmico após as críticas ao velório da artista, decidido pela viúva, Wilma Petrillo. Gal tinha comprado um jazigo no Rio de Janeiro antes de morrer. O local, onde a mãe da artista também foi enterrada, teria sido ignorado pela viúva.

Gal e Wilma estavam juntas desde 1998. Já estavam casadas quando o filho, Gabriel Costa, foi adotado. Além de empresária, Wilma também era sócia da esposa. Elas tinham sociedade em duas empresas, uma delas a Baraka Produções Artísticas.

Em uma reportagem da revista Piauí, publicada em julho deste ano, amigos e familiares de Gal acusaram a empresária de gerir mal a carreira da cantora e de afastá-la dos palcos e das pessoas mais próximas.

"Não conheci a última versão da Gal. Na verdade, nenhum dos amigos antigos conheceram. Gal, depois da Wilma, se tornou uma pessoa reclusa. É difícil te dizer se o casamento era feliz ou não. Não sei o que levou tanto descaso no velório. Sei que é um adolescente, mas como Wilma deixou o filho, Gabriel, usando um fone de ouvido o tempo todo no velório? Eles, que estiveram com Gal até seu descanso, não tinham a dimensão que minha amiga tinha no país", reclama um amigo antigo de Gal ouvido pelo CORREIO na época da morte da cantora.

A atriz, diretora e amiga, Lúcia Veríssimo, ainda conseguiu uma aproximação. Ela chegou a postar um comentário sobre o velório na publicação de outro amigo de Gal, Ciro Barcelos: "Estou atenta. Pode deixar. Tudo a seu tempo", escreveu. Ao CORREIO, Veríssimo preferiu não falar sobre o velório e toda a polêmica envolvida, mas não deixou de demonstrar sua insatisfação.

"Gal é, junto com Elis [Regina], as duas vozes mais deslumbrantes do Brasil e do mundo. Sua luz deixa uma imensa lacuna dentro da cultura brasileira e será insubstituível. Que Gal sempre seja lembrada pela enorme contribuição para a arte. Em mim, deixa um imensurável vazio e saudade irreparável. O resto acho que tem que ser questionado a quem organizou sua despedida", diz Lúcia Veríssimo.

Segundo a reportagem, Wilma teria praticado assédio moral contra antigos funcionários. De acordo com informações do site Metrópoles, a empresária comprou um imóvel em 2020, mas, depois que a artista faleceu, a viúva se manteve como proprietária da casa sem pagar algumas contas, e não passou o imóvel para o próprio nome, deixando a antiga proprietária com débitos. A mudança aconteceu apenas após uma disputa na Justiça.

Com a morte de Gal, mais funcionários que trabalharam com a cantora revelaram que a artista vivia um relacionamento abusivo com a companheira, que começou o relacionamento ainda nos anos 1990, quando as duas viajaram juntas para Nova York.

Ex-empresário de Gal Costa na gravadora Sony, André Pacheco, e também responsável pela estratégia de marketing do disco "Estratosférica", lançado em 2015, revelou também à Piauí que Wilma barrou diversas músicas, clipes, fazendo com que a baiana fosse demitida da empresa porque tinha de ser tudo como ela queria, e não como a cantora desejava.

Paulo Lima, que trabalhou e morou com Gal nos anos 1970, disse: "Ultimamente [Gal] era uma pessoa fechada, uma pessoa que não procurava ninguém, as pessoas procuravam e não conseguiam falar com ela."

Mesmo após um ano da morte da cantora, Wilma Petrillo permanece brigando na Justiça para reconhecer que era esposa de Gal, tentando conseguir provar o reconhecimento de união estável, com direito à herança e a guarda do filho adotivo, Gabriel.

Ainda há músicas de Gal para serem lançadas, mas o trabalho da artista pode permanecer em 'off', sem lançamentos devido ao risco de não ter autorização por parte de Wilma, segundo a Folha de São Paulo.

As fotos, projetos, e as canções da baiana estão todas administradas pelas três empresas, agora de Wilma, a Wilclick Produções Artísticas, a Baraka Produções Artísticas e a GMC Produções Artísticas, que cuidava da carreira da cantora desde 1995, quando Gal lançou o disco "Mina d'Água do Meu Canto".

Wilma não se manifestou em relação às denúncias feitas pelas reportagens. 

Com informações do Correio*.

 

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