Titular da Deam alerta para aumento das tentativas de feminicídio em Feira
Nesta quarta-feira (7), a Lei Maria da Penha completa 18 anos desde a sua criação.
Em Feira de Santana, as mulheres contam com uma ampla rede de proteção, que visa dar sustentação à Lei Maria da Penha, atuando para diminuir cada vez mais os índices de violência contra a mulher e feminicídios, como o suporte da Ronda Maria da Penha, a Polícia Civil, Defensoria Pública, além da Secretaria Municipal de Proteção às Mulheres.
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Em entrevista ao Folha do Estado, a delegada Clécia Vasconcelos, que é titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), revelou que devido a uma maior conscientização os números de feminicídios vem caindo em Feira de Santana. Por outro lado, tem crescido as tentativas deste tipo de crime."No mês de agosto o número de feminicídios reduziu e acredito que seja pela ação incisiva da rede proteção à mulher, e aí incluímos a Ronda Maria da Penha, a Polícia Civil, Defensoria Pública, a Vara de Violência, e também a uma maior conscientização. Agora, é bom frisar que o número de feminicídios diminuiu, mas o número de tentativas de feminicídios aumentou. E talvez outras variáveis aí aconteceram para que essas tentativas não tenham se concretizado", afirmou a delegada.
Segundo Clécia Vasconcelos, o crime de estupro praticado na rua contra mulheres apresentou queda. Já outros tipos de violências têm aumentado consideravelmente
"O estupro na rua, quando a mulher não conhece o agente e é surpreendida na rua, diminuiu consideravelmente. Mas o estupro dentro dos ambientes domésticos e que a vítima conhece o autor tem aumentado. Como quando uma mulher é convidada a sair por um colega de trabalho para um barzinho e acontece o crime e ela não lembra. O número de injúrias e importunação sexual também aumentou muito. Mas é tudo dentro do esperado considerando que nesse segundo semestre aumentam o número de ocorrências", declarou.
Varal solidário
De acordo com a titular da Deam, a rede de apoio às mulheres que sofrem violência em Feira de Santana é muito forte, e um dos projetos que deu certo foi o Varal Solidário. Através dele, vítimas de violência doméstica têm acesso a itens como roupas, calçados e higiene pessoal, de forma gratuita.
"O projeto deu certo, tanto que se estendeu por toda a Bahia e outros estados. A sociedade é que mantém esse varal ativo, doando roupas, produtos de higiene, calçados, acessórios, enfeites. A ideia é essa mulher que chega aqui rasgada e transfigurada e precisa se recompor. As vezes essa mulher precisa ir para outro município e aqui ela faz uma malinha com os produtos de primeira necessidade e leva. E também para aquela mulher que no dia a dia deixa de comprar uma blusa e aqui encontra de forma gratuita", destacou Clécia Vasconcelos.
Conforme a delegada, o mês de agosto da Deam será dedicado às ações de conscientização com uma vasta programação, que engloba também mulheres da zona rural, sobretudo as comunidades mais distantes.
"Neste mês teremos muitas palestras, ações, e tem um movimento que está surgindo agora de mulheres e advogadas, e sábado estávamos em uma escola. A minha agenda em agosto é na zona rural. Pois a rede não está chegando à mulher da zona rural, dos distritos, como Bonfim de Feira, Humildes. E quando a gente fala em apoio à mulher da zona rural não quer dizer só feminicídio, pois há outras formas de violência, quando ela não faz uma mamografia, um exame preventivo, quando ela não tem transporte. Então são necessárias políticas públicas que alcancem essa mulher dos distritos", salientou a delegada.
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