MP solicita inquérito para apurar denúncias de assédio sexual em colégio da PM
Responsáveis das vítimas relataram o ocorrido
O Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) solicitou, nesta terça-feira (18), a instauração de um inquérito policial para apurar denúncias de assédio sexual contra estudantes de um Colégio da Polícia Militar, em Vitória da Conquista.
O caso ocorreu em julho deste ano, quando mais de 10 meninas de até 12 anos teriam sido abusadas por um instrutor que trabalhava no local. Segundo pais e responsáveis das vítimas, o militar, que atuava como substituto de um professor de história, usava da posição de poder para cometer os crimes.
A mãe de uma das alunas, que não quis se identificar, deu detalhes de como os abusos ocorriam. Segundo ela, o assédio acontecia dentro de uma sala de aula, onde o homem fechava a janela e a porta.
"Ele falava que o uniforme estava errado, que precisava corrigir a postura das meninas. Chamava as meninas na frente da sala e pedia para que elas levantassem o braço. Nisso, ele passava a mão nos seios [delas]. [Ele falava] para [as meninas] abrirem as pernas e passava a mão entre as pernas", disse.
Ainda segundo a mulher, o suspeito ameaçava as estudantes. Ele dizia que quem não fosse lá na frente da sala, conforme solicitado, iria comunicar à direção do colégio. "A comunicação dele é como se fosse uma expulsão", detalhou.
O pai de outra vítima, que também não quis se identificar, disse que, em conversar com o diretor da instituição, foi informado de que o contato entre professor e aluno não é comum.
"E quando há de ter [contato], o professor pede permissão para tocar no aluno. Nesse caso não, ele não pediu permissão e foi tocando [nas meninas]", relatou o homem.
Por meio de nota, a Polícia Civil informou que o Núcleo de Repressão à Crimes Praticados contra a Criança e ao Adolescente de Vitória da Conquista investiga as denúncias.
Ainda na nota, a polícia afirmou que, até esta terça, apenas uma vítima registrou ocorrência; os representantes legais das demais serão convocados até a delegacia para que as vítimas prestem depoimento. No entanto, não foi detalhado quando.
O que diz o colégioEm entrevista à TV Sudoeste, afiliada da TV Bahia em Vitória da Conquista, o tenente-coronel Selmo Luiz, que é diretor da instituição, disse que tomou conhecimento do fato ainda no mês de julho.
"Fizemos a oitiva das pessoas que se julgavam prejudicadas e, no primeiro dia útil posterior, iniciamos o processo [de apuração]. Tudo foi informado, feito dentro do prazo legal e encaminhado à Corregedoria da [PM] para que fosse solucionado], explicou.
Ainda segundo o tenente-coronel, o suspeito foi afastado da escola para que a apuração ocorresse de forma isenta. O direitor ainda detalhou que o homem foi encaminhado para outra unidade, mas não detalhou qual.
Além disso, o diretor disse que o colégio tem câmeras de segurança em todas as salas, no entanto, os equipamentos do local onde teriam ocorrido os abusos estavam com defeito e as imagens não foram registradas.
"Elas estavam transmitindo, mas não estavam gravando. A gente tentou resgatar de alguma forma, mas não conseguimos, mas isso não invalida o processo de apuração, porque foram ouvidas todas as pessoas", disse o tenente-coronel.
A apuração feita pela Corregedoria da PM foi finalizada no mês seguinte, em agosto, mas o diretor da unidade disse que não poderia falar sobre a decisão.
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