Jovem feirense morto em ação policial não tinha registros criminais
Marcelo Felipe morreu em decorrência de uma intervenção da polícia militar
Isso significa dizer que Marcelinho, como era popularmente conhecido, tinha ficha limpa e que nunca houve, ao longo dos 18 anos que viveu, um registro sequer de crime cometido em seu nome no banco de dados da Polícia Civil da Bahia.
Marcelo Felipe foi morto sob a acusação de ter efetuado disparos de arma de fogo contra uma guarnição da Polícia Militar, mais precisamente do pelotão Asa Branca, na Avenida Presidente Dutra, em Feira de Santana.
INVESTIGAÇÃO
O caso, que chocou amigos, familiares, conhecidos e clientes da vítima, tanto pela forma que Marcelo Felipe foi morto quanto pelo crime que a Polícia o acusa de ter cometido, está em fase de investigação pela Delegacia de Homicídios, que tem como titular o delegado Rodolfo Faro.
Na segunda-feira seguinte ao fato, 4 de abril, o delegado afirmou, à imprensa, que "após tomar conhecimento desta ocorrência com oitiva específica dos policiais militares envolvidos nesta ação que culminou na morte desta vítima, a delegacia irá realizar as diligências necessárias à apuração e verificação da veracidade de como ocorreu essa ação policial. As primeiras providências já estão sendo tomadas".
A OITIVA DOS POLICIAIS ENVOLVIDOS NO DIA DO FATO
De acordo com o delegado, "foi registrado que ocorreu uma blitz na avenida Maria Quitéria e de que um veículo teria furado essa blitz e apreendido fuga. Teria acontecido uma perseguição, inclusive com colisão do veículo em outros veículos que se encontravam estacionados na via e, com a parada desse veículo, após danos acarretados nestas colisões, o condutor deste veículo teria desembarcado efetuando disparos contra os agentes públicos que revidaram essa suposta ação criminosa e que alvejou essa vítima que foi socorrida ao hospital Clériston Andrade e morreu em decorrência desses ferimentos".
A advogada Yasmim Carvalho, especialista na área criminal, contratada pela família da vítima, afirmou que irá recorrer de todas as formas admitidas por lei. "Serei o braço direito nas investigações a fim de elucidar o fato e trazer justiça e limpar a imagem da vítima que foi devidamente manchada pelas acusações dos policiais condutores envolvidos, os quais agiram de forma arbitrária, sem preparo, como ficará provado no curso do inquérito", afirmou a advogada.
O corpo de Marcelo Felipe foi enterrado sob forte comoção e clamor por justiça na manhã do dia 3 de abril, no cemitério Jardim Celestial. A mãe e demais familiares estavam inconsoláveis e não conseguiram conceder entrevista.
A trajetória de Marcelinho no ramo do empreendedorismo, apesar de curta, foi aplaudida por centenas de pessoas que acompanharam o sepultamento. "Era um menino promissor", afirmavam uns. "Tinha um futuro brilhante pela frente, infelizmente mataram um inocente trabalhador", comentavam outros em tom de lamento e revolta.
Somente em uma de suas redes sociais, Marcelo Felipe era admirado por mais de 18 mil seguidores que acreditavam no trabalho que desenvolvia comercializando iPhone na Felipe Celulares, nome de sua loja virtual no Instagram com a qual estava reescrevendo a sua própria história de superação, já que, ano passado, foi diagnosticado com um transtorno psicótico.
A investigação segue em segredo de Justiça.
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