Secretária de Saúde da Bahia pede fortalecimento da atenção primária em Feira
Em encontro realizado no HGCA, ela expôs as dificuldades enfrentadas pelas unidades estaduais
Em visita a Feira de Santana, na manhã desta quarta-feira (7), a secretária de saúde do estado, Roberta Santana, alertou para a necessidade de o município fortalecer a atenção primária nos postos e Unidades Básicas de Saúde (UBS) a fim de reduzir a sobrecarga de pacientes nos serviços de média e alta complexidade.
Durante um encontro realizado com profissionais médicos e a imprensa no Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), Roberta Santana destacou que atualmente quase 20% da população de Feira de Santana não têm acesso às UBS. Já com relação à saúde bucal, o número de pessoas sem atendimento atinge quase os 80%, conforme dados apresentados em um painel.
"As ações do município na área da saúde são insuficientes e é preciso qualificar para garantir que os profissionais exerçam suas funções dentro das UBS no município, onde 18% da população não têm acesso a nenhuma porta de entrada, segundo dados do Ministério da Saúde. Se eu tenho uma cobertura de 80% significa que 20% da população de Feira não tem acesso à primeira porta de entrada que a gente chama de UBS, que é o posto de saúde funcionando. Esse é um ponto. O segundo ponto é no âmbito da saúde bucal, onde a gente tem uma cobertura de apenas 23%, então significa que 80% dos munícipes de Feira de Santana não têm um dentista pelo Sistema Único de Saúde", afirmou a secretária de saúde.
De acordo com ela, as dificuldades na atenção primária trazem um reflexo direto na rede de média e alta complexidade, ofertada pelo governo do estado. Com isso, Roberta Santana cobrou mais diálogo entre a gestão municipal e a estadual para sanar essa situação.
"A governança do SUS tem fóruns de discussão, onde os municípios se reúnem e discutem as questões de saúde da assistência da sua região. Depois se reúnem com o governo do estado, com minha participação, na CIB, que é outra reunião direta que nós temos mensalmente. A nossa porta está aberta", garantiu.
Regulação
Conforme a secretária de saúde, atualmente o sistema de regulação do estado recebe uma média de mil solicitações diariamente. Ela salientou que o serviço foi ampliado em 13% para atender a essa demanda.
"O HGCA fez mais de mil neurocirurgias em um ano. Temos tido resultados muito positivos. Restabelecemos na Santa Casa a cirurgia de cabeça e pescoço oncológica. São mais de 1 mil solicitações por dia na tela da regulação, é uma evidência clara de que temos fragilidades na atenção primária. Se não trabalharmos a eficiência dos postos de saúde e que as resolutividades aconteçam será como uma torneira aberta. Os pacientes têm chegado com casos cada vez mais graves nas unidades."
Trauma ortopédico
Outro desafio no atendimento da média e alta complexidade é o serviço de traumatologia ou ortotrauma. A secretária Roberta Santana ressaltou que a maioria dos pacientes atendidos na emergência do Clériston são vítimas de acidentes automobilísticos.
"Feira de Santana está em um entroncamento rodoviário e tudo resguarda no Clériston, que é referência. E o que a gente tem pedido é a conscientização da população. Tanto município e estado têm responsabilidades. O município no âmbito dos serviços de trânsito para garantir a fiscalização, e o estado no âmbito das Blitz e cuidar para que esses acidentes não aconteçam, mas sobretudo a responsabilidade é do cidadão, de não dirigir alcoolizado e evitar ultrapassagens indevidas. Hoje a maior demanda do Clériston é o ortotrauma."
Upa estadual
Também presente ao encontro, o coordenador da Upa do Estado, José Luís, enfatizou a importância do fortalecimento dos serviços básicos de saúde municipais, para reduzir a demanda de atendimentos de pacientes de baixo risco na unidade.
"Na Upa temos em média 24 leitos e diariamente 60 pacientes internados. A rotatividade é muito grande. A demanda infelizmente não conseguimos dar conta. Nós diariamente passamos a realidade para a regulação do estado, mas infelizmente são pacientes com gravidade, a quantidade é muito grande e não conseguimos suportar. Todo paciente que chega passa na recepção faz a ficha, é atendimento no acolhimento, e é dado a ele uma classificação de acordo com a gravidade. Todo paciente que chega com gravidade vermelha é atendido de imediato pelo médico. Já os pacientes que chegam amarelo, verde, azul, que não têm risco imediato, esses são os que esperam. Realmente a procura de pacientes com índice de classificação verde é muito grande, eles não deveriam estar na UPA."
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