Fim do preconceito é fundamental para tratamento psicológico
É fundamental para a prevenção ao suicídio
O "Setembro Amarelo" é a campanha que marca o mês dedicado à prevenção ao suicídio. Neste ano, o tema da campanha é "Agir salva vidas", e o Jornal Folha do Estado fará uma série de reportagens sobre o tema para ajudar a causa, através da informação. E para começar a falar de setembro amarelo, se faz necessário falar do fim do preconceito a doenças psíquicas, e também, do tratamento.
Alana Mendes, de 24 anos, estudante de Direito e foi diagnosticada em 2018 com TAG - Transtorno de Ansiedade Generalizada. Doença que atinge cerca de 264 milhões de pessoas no mundo todo. A característica principal desse transtorno é a preocupação excessiva. Ele pode se manifestar de diversas formas e intensidades, provocando sintomas físicos e psicológicos. Alana começou com sintomas leves, mas eles acabaram aumentando.
"Eu me sentia muito tensa, era como se estivesse o tempo inteiro sendo pressionada a fazer algo, mas sem ter algo para fazer, me sentia irritada, com vontade de sair correndo pela rua, e eu achei que era normal, coisa da idade ou por conta da rotina mesmo. Mas, aí eu comecei a ter lapsos de perda de memória, insônia de ficar 3 noites seguidas sem dormir, não conseguia prestar atenção em nenhuma aula da faculdade", contou. Após essa série de sintomas, Alana decidiu procurar ajuda de profissionais, mas não foi apoiada.
"Minha mãe disse que era normal, coisa que todo mundo tinha e era só tomar um chá de camomila e tudo ficaria bem, disse que terapia era 'coisa de louco'. Meu namorado, na época, também disse que era estresse, e usou o termo 'coisas trazidas pela vida adulta'. Então, mesmo querendo fazer terapia, eu acabei postergando, e os sintomas pioraram", lembrou a estudante.
O fim do preconceito com doenças mentais, como ansiedade e depressão, é fundamental para a prevenção ao suicídio, a afirmação é da coordenadora-geral de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Dilma Alves Teodoro. "O preconceito faz as pessoas não buscarem ajuda. Muitas vezes elas escondem a doença porque o amigo ou familiar vai interpretá-las como uma pessoa que é fraca, que deveria reagir, quando, na verdade, ela está adoecida", disse.
Na faculdade Alana encontrou tratamento, e mesmo sem apoio, resolveu iniciar as sessões. "Na faculdade em que eu estudo, tem um núcleo de psicologia, onde os alunos no curso em fase de estágio realizam atendimentos sob supervisão. Eu fiquei sabendo através de uma professora, e um dia em que tive diversas crises, resolvi ir até lá, antes da aula. Fui recebida, atendida e depois de várias sessões, aprendi a sustentar com as pessoas que eu amava que eu precisava desse aporte psicológico, e não significava nada além de que eu tinha um problema e só um tratamento poderia me ajudar a lidar com ele", disse.
Após, Alana começou o tratamento em uma clínica de psicologia, e hoje, já consegue controlar sua ansiedade. A terapeuta que atende ela, doutora Elisa Santos falou sobre o papel da família durante o tratamento psicológico.
"Atualmente existe um estigma de que é necessário estarmos felizes o tempo todo e demonstrar essa felicidade, as redes sociais acabaram inflamando isso mais ainda. Então compreender que a vida também é sofrimento, e que nós não somos máquinas, as coisas sim, nos abalam, as coisas sim, se embaralham... é difícil para os outros. É nessa hora que os pais muitas vezes revertem esse momento difícil dos filhos em culpa, e acham que fingir que a doença não existe, fará com que realmente não exista", explicou.
A Associação Brasileira de Psiquiatra, desde 2011, faz campanhas para conscientizar sobre o estigma em torno da saúde mental, chamado pela ABP de Psicofobia. O termo 'psicofobia' foi criado após o ator Chico Anysio alertar para a falta de um nome para descrever o preconceito ou discriminação contra pessoas com transtornos ou deficiências mentais.
Em Feira de Santana é possível encontrar o tratamento online e gratuito.
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