Mais de cem pessoas que aguardavam regulação morreram em Feira de Santana, cidade a 100 quilômetros de Salvador, neste ano. Nesta quarta-feira (16), de acordo com a Secretaria de Saúde, 24 pacientes das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e policlínicas estavam na fila.

Além da espera agoniante para as famílias, o tempo longo na regulação também sobrecarrega o sistema de saúde.

A falta de respostas e previsões não só deixa os familiares dos pacientes angustiados, mas é motivo também de preocupação.

"Pelo fato das UPAs e policlínicas não serem unidades de internamento, esse leito fica ocupado, não há esse fluxo de entrada e saída de pacientes e aquele paciente que chega na unidade fica esperando um tempo maior para desocupar o leito", afirmou a coordenadora das policlínicas e UPAs, Vera Lúcia Galindo.

A família de Maria Zilda encara quatro dias de angústia. No último domingo (13), a idosa de 82 anos sofreu um infarto e foi levada até a policlínica da rua Nova.

"A gente está tentando uma vaga para minha vó de UTI e eles estão colocando no sistema que ela está de Covid-19. A gente providenciou um teste, que sai no mesmo dia [o resultado] e ela não está [infectada]. A gente também fez o teste rápido e deu negativo, mas ainda assim eles [médicos] acharam essa possibilidade de estar de Covid-19", disse a autônoma e neta de Maria Zilda, Mayra Alves.

"Minha vó chegou aqui sem sintomas gripal, ela não teve febre, nenhum sintoma de Convid-19. Ela simplesmente teve um infarto e ainda assim eles estão dizendo que foi Covid".

Segundo a família, os médicos suspeitaram que ela estivesse com Covid-19, mas a idosa fez dois testes e ambos deram negativo. Até surgiu uma vaga no ala Covid do Hospital da Chapada, mas a família recusou.

Essa não é a única família aflita pelo mesmo problema em Feira de Santana. Na UPA da Queimadinha, 10 pacientes aguardam pela regulação. Um deles é o irmão de Ednalva Santos, que sofreu um AVC no último sábado (12).

"É um momento muito angustiante e preocupante, pois é o segundo AVC que ele deu e agora é hemorrágico", disse Ednalva Santos.