CPI da Covid mira em ministro e denúncias contra Prevent Senior
Há também a expectativa de que Renan Calheiros (MDB-AL), apresente o texto final
A CPI da Covid planeja convocar pela terceira vez o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para depor. A cúpula da comissão quer que ele explique o recuo na vacinação de adolescentes, que contrariou especialistas. Segundo o presidente, Omar Aziz (PSD-AM), Queiroga deve ser ouvido nas semana seguinte à entrega do relatório, que se inicia em 4 de outubro.
O ministro também será questionado sobre a operadora de saúde Prevent Senior. Segundo um dossiê feito por médicos, a empresa atuou para ocultar mortes de pacientes que participaram de um estudo para testar a eficácia da hidroxicloroquina e azitromicina no combate ao coronavírus. O documento entregue à CPI aponta que conselheiros informais do presidente Bolsonaro, do chamado "gabinete paralelo", acompanhavam de perto a pesquisa.
Na última quarta-feira (15), Queiroga suspendeu a vacinação para adolescentes sem comorbidade no país, alegando "falta de evidências científicas" e a "ocorrência de eventos adversos". Segundo o governo de São Paulo, um adolescente morreu, mas o óbito não teve relação com a vacina que havia tomado.
"Essa pisada de bola do Queiroga com relação à necessária vacinação dos adolescentes é a materialização daquilo que nós dissemos desde o início: o Queiroga era uma espécie de Pazuello de jaleco ", diz o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da comissão.
"Ele veio depor duas vezes, foram depoimentos contraditórios, ele está abaixo da expectativa que a sociedade tinha com relação à sua presença no ministério e continua parecendo muito influenciado pelo (Jair) Bolsonaro".
Nesta semana, serão ouvidos na terça-feira, o ministro Wagner Rosário, da Controladoria-Geral da União (CGU), na quarta feira, o diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Batista Junior, e na quinta, o diretor de relações institucionais da Precisa Medicamentos, Danilo Trento. A previsão é de que Renan entregue seu parecer na sexta-feira (24).
Aziz considera que as principais linhas de investigação já se esgotaram. A comissão deixará pontas soltas, porém. Há 73 pessoas convocadas sem data para depôr, segundo levantamento do GLOBO. Entre elas estão pessoas próximas do presidente, como sua ex-mulher, Ana Cristina Valle, e sua advogada, Karina Kufa. As convocações foram aprovadas, mas sua concretização dividiu a cúpula da comissão. Aziz acredita que esses depoimentos acrescentariam pouco sobre a pandemia e extrapolaria para outros temas.
A CPI também deixou de lado a negociação para comprar a vacina russa Sputnik através da União Química. O ex-governador do Distrito Federal Rogério Rosso (PSD), que trabalhou para empresa, foi convocado, mas não deve depor. A União Química foi favorecida pela flexibilização na importação de vacinas sem aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no início do ano da mesma forma que a Precisa , que vendia a vacina indiana Covaxin, mas ficou de fora do radar da CPI.
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