Jair Bolsonaro elogia operação policial que deixou 22 mortos no Rio de Janeiro
O presidente afirmou que a operação foi planejada durante vários meses.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) parabenizou, no final da noite desta terça-feira (24), a operação policial que deixou ao menos 22 mortos na Vila Cruzeiro, na zona norte carioca, a terceira mais letal da história recente da região metropolitana do Rio de Janeiro.
"Parabéns aos guerreiros do Bope e da Polícia Militar do Rio de Janeiro, que neutralizaram pelo menos 20 marginais ligados ao narcotráfico em confronto, após serem atacados a tiros durante operação contra líderes de facção criminosa", disse Bolsonaro. As polícias Federal e Rodoviária Federal também participaram da ação.
Em pronunciamento nas redes sociais, o presidente afirmou que a operação foi planejada durante vários meses. Ele disse que os agentes de segurança monitoravam os passos de chefes do tráfico de drogas com o objetivo de prendê-los fora da comunidade e que isso não foi possível devido ao ataque de uma facção criminosa, "fazendo-se necessário o uso da força para conter as ações".
Segundo a Polícia Militar, a ação desta terça tinha o objetivo de prender em flagrante mais de 50 traficantes de vários estados que sairiam em comboio em direção à favela da Rocinha, na zona sul da cidade. O plano, porém, foi frustrado quando uma das equipes à paisana foi descoberta e atacada na entrada da comunidade, por volta das 4h.
"Para se ter ideia do grau de violência dos bandidos, parte dos alvos da operação foram responsáveis pelo assassinato de 13 agentes de segurança pública somente em 2022", disse Bolsonaro.
Ele criticou os especialistas em segurança pública que apontaram erros na operação dizendo que eles omitem as informações sobre o perfil dos mortos com o intuito de "demonizar aqueles que arriscam suas vidas por nós".
Bolsonaro postou uma foto das armas e drogas que a polícia diz ter apreendido na Vila Cruzeiro e citou números: 13 fuzis, quatro pistolas e 12 granadas. Segundo ele, 30 veículos roubados foram recuperados.
Entre os mortos está Gabrielle Ferreira da Cunha, 41, alvejada dentro de casa. Segundo a PM, ela foi atingida durante o confronto, na comunidade vizinha da Chatuba. A Delegacia de Homicídios da Capital fez perícia na residência para investigar de onde partiu o tiro.
O presidente lamentou a morte de Gabrielle e logo em seguida disse que lamenta também a "inversão de valores de parte da mídia, que isenta o bandido de qualquer responsabilidade". Bolsonaro citou a "escravidão da droga" e disse que ela aterroriza famílias.
Moradores relataram que a operação começou por volta das 3h30 e que, desde então, instaurou-se um clima de tensão na comunidade.
Em razão dos confrontos na Vila Cruzeiro, 19 escolas da região precisaram fechar as portas, segundo a Secretaria Estadual de Educação.
A operação conjunta virou alvo de investigação nos Ministérios Públicos federal e do estado do Rio de Janeiro. O objetivo é apurar eventuais violações de direitos durante a ação da Polícia Militar, da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal na comunidade da zona norte carioca.
SUSPEITA DE CHACINA
A Ouvidoria e o Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos da Defensoria Pública do Rio de Janeiro foram ao Complexo da Penha para coletar informações e fornecer auxílio. Em nota, o órgão disse que "os moradores pedem socorro enquanto relatam desespero, angústia e muito medo" e que escolas, aparelhos públicos e o comércio local estão fechados.
Além das 22 mortes confirmadas até o momento, outras duas foram informadas pela comunidade local. Os órgãos afirmam que a "alta letalidade da operação levanta suspeita de que uma chacina" pelos policiais. "O eventual envolvimento de algumas vítimas com o crime não autoriza, por si só, o homicídio por agentes do Estado", dizem, em nota.
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