Bolsonaro acena com reajuste à PRF e pede 'compreensão' de demais categorias
O presidente estava cercado de agentes da PRF
O presidente Jair Bolsonaro (PL) fez um novo gesto nesta segunda-feira (21) à Polícia Rodoviária Federal, que aguarda reajuste neste ano, e pediu compreensão dos demais setores do funcionalismo público.
"Algumas categorias, ou melhor, todas as categorias merecem ser valorizadas. E o que nós procuramos fazer: quem nós pudermos salvar na frente, a gente salva", disse, em meio a um discurso sobre a corporação.
"Espero a compreensão das demais categorias, dos servidores no Brasil", completou.
A declaração de Bolsonaro ocorreu durante cerimônia do lançamento do programa Agenda Brasil Para Todos, da Secretaria de Governo e do Ministério da Mulher, família e Direitos Humanos.
O presidente estava cercado de agentes da PRF. Os superintendentes se encontraram na corporação nesta segunda-feira, foram ao Palácio do Planalto acompanhados do ministro Anderson Torres (Justiça e Segurança Pública) e tiveram uma audiência com Bolsonaro antes de a cerimônia começar, a portas fechadas.
Em seu discurso, Bolsonaro pediu que os representantes da corporação ficassem em frente ao púlpito, onde discursava, e listou apreensões e demais feitos da PRF.
"[A PRF] é uma a instituição séria, como outras que nós temos no Brasil, mas que realmente faz trabalho excepcional para a nossa sociedade. E nós temos que valorizar esses profissionais. Eu espero que a sociedade entenda que isso deva ser feito", afirmou Bolsonaro.
O gesto do chefe do Executivo ocorre em meio a uma série de idas e vindas a respeito do reajuste às categorias policiais.
O governo estudava essa possibilidade desde o ano passado, como mostrou a Folha. Na votação do orçamento de 2022 no Congresso, essa previsão quase ficou de fora do texto final e só passou por articulação do próprio Bolsonaro.
É incomum que o presidente se envolva diretamente nessas tratativas. Os policiais são considerados da base eleitoral de Bolsonaro, que está em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto.
O governo federal reservou R$ 1,7 bilhão no Orçamento deste ano para conceder aumento para policiais federais, rodoviários federais e agentes penitenciários.
A medida, contudo, foi amplamente criticada pelo restante do funcionalismo público, cuja maior parte não recebe aumento desde 2017.
Neste mês, Bolsonaro já havia dito que o reajuste para policiais pode ficar para 2023, se não houver entendimento com os demais servidores.
"Se houver entendimento, por parte dos demais servidores, alguns ameaçam greve, etc, a gente pretende conceder essa recomposição aos policiais federais, rodoviários federais e aos agentes penitenciários. Se não houver entendimento, a gente lamenta e deixa para o ano que vem", afirmou Bolsonaro, em entrevista à TV Brasil.
O presidente reconheceu haver uma "polêmica" sobre o aumento, e disse que houve uma "grita geral".
Integrantes do governo passaram a tratar como certo que não haverá reajuste neste ano para nenhuma categoria. Ainda que o benefício fosse para uma parcela considerada do eleitorado do presidente, ele foi aconselhado por aliados a deixar de lado a medida, diante do potencial de se tornar um "tiro no pé".
Recentemente, Bolsonaro havia dito que o reajuste salarial apenas para policiais federais, rodoviários federais e agentes penitenciários poderia estar garantido neste ano, e o dos demais servidores ficaria para o ano que vem.
"A gente pode fazer justiça com três categorias. Não vai fazer justiça com as demais, sei disso. Fica aquela velha pergunta a todos: vamos salvar três categorias ou vai todo mundo sofrer no corrente ano?", disse à Jovem Pan.
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