ACM Neto critica sistema prisional da Bahia: 'quartéis-generais do crime'
Pré-candidato a governador pretende criar presídios de segurança máxima
O pré-candidato ao governo do estado ACM Neto (União Brasil) criticou na terça-feira (2) a postura do governador diante de mais casos de violência registrados na Bahia e disse que os presídios baianos são quartéis-generais do crime. O ex-prefeito de Salvador salientou que os episódios de insegurança estão se repetindo diante de um olhar complacente e sem qualquer reação do chefe do Executivo estadual. Ele afirmou que, caso seja eleito, mudará completamente a estratégia de segurança pública, endurecendo inclusive o tratamento aos criminosos nos presídios.
"A verdade é que os presídios hoje na Bahia são os quartéis-generais do crime organizado, e tudo isso acontece sob o olhar complacente do governador do estado e das autoridades de segurança pública, que fingem que o problema não é delas. Mais da metade dos crimes hoje acontecem por ordens de dentro da cadeia. Ora, se as ordens vêm de dentro da cadeia é porque o sistema prisional da Bahia não funciona. É ideia minha, caso seja governador, implantar novos presídios de segurança máxima no estado. Vamos separar as facções criminosas e dar tratamento duríssimo aos chefes do crime organizado", disse, em entrevista à Rádio Sociedade.Neto lembrou que o papel eficiente da polícia passa também pela prevenção. Segundo ele, não há hoje estrutura para que os agentes façam um trabalho de inteligência, unificando informações e desbaratando facções criminosas. "Temos que cortar o vínculo econômico que alimenta essas organizações. Precisamos cortar a comunicação de dentro do presídio para fora. Não é possível que dentro do presídio o preso tenha celular, que tenha rádio-comunicador e que dê comando para o que está acontecendo do lado de fora. Antigamente, diziam que os presídios eram a escola do crime. Mas, não é a escola do crime mais. Hoje, é o quartel-general do crime", completou.
Neto ainda comentou o caso da menina de 15 anos assassinada no Campo Grande, em frente ao Palácio da Aclamação, com um tiro no peito durante uma tentativa de assalto. Ela estava indo para a escola acompanhada da mãe e da irmã de 12 anos. Segundo ACM Neto, a culpa pela violência desenfreada é sobretudo do governador, pois ele precisa se comportar como o comandante da segurança pública na Bahia e não passar adiante essa tarefa.
"É preciso ter um governador que mude a postura no enfrentamento ao crime, pois tanto Rui Costa como Jaques Wagner não agiram com a firmeza necessária. Quem me conhece, sabe: não sou de procurar culpados e desculpas e não sou de terceirizar tarefas que são próprias das funções que exerço. Assim demonstrei no meu trabalho de oito anos como prefeito de Salvador e, se tiver a oportunidade de ser governador, vou chamar o problema da segurança pública para mim", afirmou.
O pré-candidato também falou da necessidade de valorizar as forças de segurança e dar a eles uma estrutura melhor de trabalho. "Os policiais hoje estão desestimulados. Eu tenho conversado com muitos policiais militares e civis, com especialistas em segurança e a turma está desmotivada. A gente tem visto aí mais e mais notícias de policiais assassinados. A tropa não está com boa condição de trabalho", disse.
"Em 293 municípios da Bahia, você encontra apenas dois policiais trabalhando em esquema de revezamento. As viaturas ficam paradas por falta de gasolina, e só rodam se a prefeitura ajudar a bancar. Várias cidades que não possuem delegado titular e o que é responsável pela área não aparece. Não tem jeito, vai ser preciso botar mais dinheiro na segurança e ter estratégia. Plano de trabalho, cobrança de resultados e integração", completou.
Trabalho conjunto
Neto afirmou ainda que o governador precisa convocar outras entidades, como o Ministério Público, o Poder Judiciário e a Defensoria Pública, para um trabalho em conjunto contra a violência: "Temos, sim, um problema de desatualização do Código Penal e do Código de Processo Penal, que tem muitas brechas para soltar ou não prender o bandido, e por isso precisamos da atuação do Ministério Público e do Poder Judiciário", disse.
"Por isso que eu quero colocar todos na mesma mesa e realizar reuniões periódicas, fazer uma avaliação dos números do crime na Bahia e analisar em quais pontos as coisas estão indo mal e como Ministério Público e o Poder Judiciário podem atuar para evitar isso. Temos que agir com rigor, porque lugar de bandido é na cadeia, tem que ser tratado como bandido e não como mocinho", afirmou.
As propostas de ACM Neto para a segurança pública serão apresentadas no seu plano de governo, que trará um capítulo específico para tratar do assunto. O documento estará disponível após a convenção do União Brasil, que será realizada na sexta-feira (5), às 9h, no Centro de Convenções de Salvador, na Boca do Rio. "As propostas foram inspiradas em trabalhos feitos em alguns estados do Brasil, inclusive no estado de Goiás, onde grandes resultados foram alcançados. Nós vamos mostrar no nosso plano de segurança quais são as nossas metas e o que vamos fazer para acabar com a violência na Bahia", disse Neto.
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