Quilombolas do Recôncavo Baiano irão produzir joias com casca do sururu

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Quilombolas do Recôncavo Baiano irão produzir joias com casca do sururu

Serão brincos, colares, anéis e outros acessórios 

Crédito: Divulgação

A Associação Rede Elas Negras Conexões (AREC), que tem origem no quilombo de Santiago do Iguape, localizado no município de cachoeira – recôncavo baiano, está promovendo qualificação profissional para mulheres negras e população LGBTQI+ na produção de bio artesanato: brincos, colares, anéis e outros provenientes da casca do sururu, que é descartado pelos marisqueiros da região.

A inciativa, que surge através da Associação, é proveniente do Projeto intitulado Sururuelas que visa apoiar e empoderar mulheres negras e ainda, fortalecer a cidadania LGBT+ através da inclusão socioprodutiva em programas de autonomia financeira. O projeto tem o apoio do Itaú Unibanco e o Instituto Mais Diversidade, contemplado na 5° edição do Edital LGBT+ Orgulho.

Serão abertas 50 vagas, que priorizam mulheres negras e a comunidade LGBT+ do Iguape. As inscrições para a capacitação começam na próxima quarta-feira (8) e vão até o dia 17 de novembro. As interessadas podem procurar a sede da Associação que fica localizada na rua do Porto, ao lado da Igreja Matriz de São Tiago na comunidade quilombola de Santiago do Iguape, das 14h às 17h ou através do WhatsApp 71-98255-7512. As atividades serão iniciadas no dia 24 de novembro.

A capacitação será dividida em módulos que contemplam questões de sustentabilidade, empreendedorismo, legislação LGBT+ e artesanato. A presidente Associação Rede Elas Negras Conexões, conhecida como Rosanegra (Pan Batista), pontuou que a produção das peças artesanais ajudará na renda dos moradores da comunidade.

"Acreditamos que esse projeto possa dar o suporte à comunidade, pois além de ser um produto da nossa região, também vem com a missão de complementar a renda da nossa população. Desta forma esperamos contribuir com o empoderamento financeiro dessas mulheres", acrescentou.

Rosanegra ressalta que muitas pessoas LGBT da comunidade vivem na informalidade e muitos não conseguem um emprego por conta da falta de qualificação, "então percebemos que o potencial criativo dentro desse grupo é muito grande, daí tivemos a ideia da produção da biojoia através da casca do sururu, oportunizando outros caminhos para esse nosso público-alvo", disse.

O reuso da casca do sururu além de proporcionar trabalho e renda para a comunidade, terá o destino adequado, visto que hoje em dia o seu descarte irregular tem causado prejuízos ao meio ambiente."O descarte irregular da casca do sururu acarreta prejuízos significativos tanto para as marisqueiras quanto para o meio ambiente. Essa prática resulta em condições precárias que aumentam a vulnerabilidade de mulheres marisqueiras e jovens, além de exercer impactos negativos na saúde", ressaltou a coordenadora do projeto.

"Vamos desenvolver um plano de negócio para promover crescimento econômico sustentável e melhorar a qualidade de vida da comunidade", concluiu Rosannegra.

A Associação Rede Elas Negras Conexões (AREC) é uma organização com raízes na comunidade quilombola da Bacia e Vale do Iguape, no recôncavo baiano. Sua história remonta a 2007, quando foi criada, e foi formalmente estruturada em 2023. A AREC surgiu em resposta à necessidade de enfrentar os desafios enfrentados pelas mulheres negras quilombolas, que sofriam discriminação e enfrentavam uma série de questões relacionadas ao racismo, sexismo, homofobia e misoginia.

A missão da AREC é fortalecer as lutas das mulheres quilombolas, reivindicar políticas públicas para essas comunidades e combater a violência doméstica e familiar, promovendo o debate sobre questões de gênero, raça e direitos humanos e socioambiental. Para atingir seus objetivos, a organização desenvolve ações nas áreas de educação, cultura, saúde, assistência social, direitos humanos e incidência política, todos baseados em princípios antirracistas. 

 

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Sexta, 27 Dezembro 2024

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