EUA dizem que militares russos têm ordens para invadir Ucrânia, afirma TV
Os Estados Unidos têm informações de que militares russos receberam ordens para prosseguir com uma invasão da Ucrânia, com comandantes no terreno fazendo planos específicos, segundo a TV americana CBS.
A inteligência americana indica que "eles estão fazendo tudo o que os comandantes americanos fariam quando obtivessem a ordem de prosseguir", disse David Martin, correspondente de segurança nacional da CBS News.
Na sexta-feira (18), o presidente dos EUA, Joe Biden, já havia adiantado que estava "convencido" que o presidente russo, Vladimir Putin, decidiu invadir a Ucrânia e disse que os Estados Unidos acreditam que as forças russas pretendem atacar nos "próximos dias".
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse ao programa "Face the Nation", da CBS News, que os EUA acreditam que a Rússia está "seguindo em frente" com planos de invasão, apesar das negativas de Moscou de que tal ação será tomada.
"Tudo o que estamos vendo nos mostra que a decisão que acreditamos que o presidente Putin tomou de invadir está avançando", disse Blinken.
"Vimos isso com provocações criadas pelos russos ou forças separatistas no fim de semana, operações de 'bandeira falsa' [operações para incriminar inimigos]. Agora, as notícias nesta manhã de que os 'exercícios' em que a Rússia estava envolvida em Belarus -com 30.000 forças russas que deveriam acabar com isso o fim de semana- continuará agora por causa das tensões no leste da Ucrânia, tensões criadas pela Rússia e pelas forças separatistas que ela apoia lá."
Hoje o ministro da Defesa de Belarus, Viktor Khrenin, anunciou a continuidade dos exercícios militares conjuntos com a Rússia, em meio ao aumento das tensões na região. Com isso, os soldados russos permanecerão no país vizinho, que faz fronteira com o norte da Ucrânia, por mais tempo. A previsão era que os exercícios terminassem neste domingo (20).
De acordo com a última avaliação de inteligência dos EUA, a Rússia agora tem cerca de 75% de suas forças posicionadas contra a Ucrânia, disse à CNN um funcionário do governo americano.
A concentração de forças a uma distância de ataque da Ucrânia é altamente incomum e parte da razão pela qual os EUA acreditam que a Rússia está pronta para atacar, disse a autoridade.
Isso inclui cerca de 120 do total estimado de 160 Grupos Táticos de Batalhão da Rússia que estão posicionados a 60 km da Ucrânia, de acordo com o funcionário. Embora esse número represente 75% das principais unidades de combate da Rússia, é menos da metade do total de tropas nas forças armadas russas.
Autoridades dos EUA relataram que podem chegar a 190.000 o número de militares russos - combinados com forças separatistas -posicionadas ao redor da Ucrânia. Cerca de 35 dos 50 batalhões de defesa aérea estão mobilizados contra a Ucrânia.
Além disso, os Estados Unidos estimam que cerca de 500 aviões de caça e caças-bombardeiros estão dentro do alcance da Ucrânia, bem como 50 bombardeiros médios a pesados. Juntas, as forças russas agora superam amplamente as forças militares ucranianas, de acordo com a avaliação.
SOLUÇÃO DIPLOMÁTICA
O presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente francês, Emmanuel Macron, concordaram em trabalhar para encontrar uma solução diplomática e evitar um conflito na Ucrânia, segundo comunicado divulgado pelo governo francês. Os dois líderes conversaram por telefone na manhã de hoje.
De acordo com o comunicado, os líderes concordaram em "intenso trabalho" para permitir que uma reunião trilateral seja realizada nas próximas horas "com o objetivo de obter um compromisso de todas as partes para um cessar-fogo na linha de contato."
Já Putin culpou hoje as "provocações" do governo ucraniano pela escalada dos confrontos com os separatistas no leste da Ucrânia e disse que quer "intensificar" os esforços diplomáticos para resolver o conflito.
De acordo com o Kremlin, Putin também pediu, durante o telefonema com Macron para que a Otan e os Estados Unidos "levem a sério as exigências de segurança da Rússia".
PAÍSES PEDIRAM A SAÍDA DE CIDADÃOS DA UCRÂNIA
Prevendo um possível ataque, muitos países pediram a sair de seus cidadãos da Ucrânia. Entre eles está os Estados Unidos e a Alemanha.
A Embaixada dos EUA na Ucrânia também realocou temporariamente suas operações de Kiev para Lviv (no oeste da Ucrânia, próximo da Polônia) devido às movimentações das forças russas.
A embaixadora da Ucrânia nos Estados Unidos, Oksana Markarova, disse que as autoridades ucranianas estão usando "todas as possibilidades" para forçar a Rússia a escolher o caminho diplomático em vez de um ataque.
"Estamos pedindo não apenas ao agressor, que é a Rússia, mas também a todos os nossos amigos e aliados para que se reúnam e usem todas as oportunidades para impedir que a Rússia invada", disse ela ao "Face the Nation".
Markarova disse que, embora a Ucrânia "trabalhe dia e noite para fazer uso de qualquer possibilidade de ainda impedir a invasão da Rússia", os eventos dos últimos dias indicam que uma escalada das tensões é provável, ao contrário dos comentários do embaixador russo nos EUA, Anatoly Antonov, que nega uma possível invasão russa.
"O que vemos agora é que todas as mensagens fortes ainda estão para fazer com que a Rússia não apenas saia das fronteiras da Ucrânia, mas também, durante os últimos três dias, iniciou uma ofensiva", disse ela.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, também pediu a Putin que se encontre com ele para trabalhar para resolver a crise. Ontem, o político criticou os líderes ocidentais reunidos em uma conferência de segurança em Munique e disse que, por muitos anos, a Ucrânia foi o "escudo da Europa".
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