Após toda polêmica e apesar da campanha maciça, realizada nos oito principais programas de rádio da cidade, que envolveu o funcionamento atípico do comércio de Feira de Santana, na segunda-feira (20), de Carnaval. O Folha do Estado foi conferir como estava o movimento nas principais ruas do Centro da cidade.

A equipe constatou que na Praça da Matriz e cercanias, apenas 5 estabelecimentos comerciais abriram as portas. Sendo destes, um bar, uma casa de materiais de construções e uma funerária. Nas Ruas Conselheiro Franco e Tertuliano Carneiro, apenas 10 estabelecimentos estavam abertos. Do mesmo modo, uma das paralelas, à Rua de Aurora, 8 estabelecimentos esperavam clientes que não apareceram.

Nas Praças da Bandeira e J. Pedreira, a Loja Deus é Fiel e três na J. Pedreira, uma de confecções e duas de calçados. Juliana Leite, auxiliar administrativo em uma sapataria, na J. Pedreira, no Centro de Feira de Santana, uma das poucas lojas abertas no comércio, diz que não tem como ter bons resultados em dias assim.

"Decidiram abrir o comércio, que claro, vivemos de vendas, mas como é uma festa grande e todos viajam, não vejo bons resultados já que a cidade está vazia. Não tem ônibus, embora tenha estacionamento, quem está curtindo, está curtindo. Como diz a canção 'Deus me livre não ser baiano, Carnaval todo ano'. Infelizmente o comércio de Feira de Santana cortou a alegria das pessoas. Muitos tinham comprado passagem, alugado casas e perderam tudo, foram para luta, mas não vejo como ter bons resultados", declara.

Reginaldo Rodrigues, gerente de outra sapataria, compara o movimento da segunda com outros dias normais e diz o quanto as vendas foram inábeis. "Está um dia muito fraco, poucas lojas abriram e não tem público na rua, isso realmente foi um fracasso. Nossa loja tem entradas em duas das principais ruas do comércio, temos visões de ambos os lados e observamos que realmente o povo não veio para rua. Em uma segunda-feira normal, nas primeiras horas da manhã a loja já teria vendido cerca de 5 mil reais. Hoje só fizemos uma venda", lamenta.

Na Sales Barbosa, uma das artérias de maior movimento da cidade, contava com 8 lojas abertas e, quando a equipe de reportagem passou no local, às 9h30min, se deparou com pouco mais de uma dezena de clientes em busca de outras lojas abertas.

O mesmo ambiente, se verificou na Av. Senhor do Passos, a mais extensa do centro, onde não tinha duas dezenas de estabelecimentos abertos, a maioria deles de calçados. E movimento mesmo, quem conseguiu, foram algumas papelarias da artéria, por conta do início do período escolar.

Em outra via de intenso movimento, a Marechal Deodoro, 6 lojas estavam abertas a espera de clientes que não chegaram. Até mesmo os vendedores de frutas não chegavam a 10% das barracas abertas. A Presidente Dutra, praticamente, fechada. JJ. Seabra e Visconde do Rio Branco, poucos comerciantes se atreveram a abrir lojas. Na Getúlio Vargas havia um volume maior, mas que não chegou a 20%.

A partir do período da tarde, menos de um terço do pequeno número de lojas que se atreveram a abrir no período da manhã, continuaram com portas abertas até pouco mais das 16h, ainda na esperança de "fisgar" algum cliente.

Resolução

A decisão ocorreu devido aos Sindicatos Patronal e dos Comerciários, não conseguirem chegar a um entendimento sobre a troca da segunda-feira, dia 20, pelo Dia do Comerciário (segunda-feira de outubro).

Após impasse, os representantes dos comerciantes decidiram pelo funcionamento do comércio tanto na segunda-feira (20) quanto na terça-feira (21), tradicional feriado de Carnaval. Na semana passada, o Sindicato dos Comerciários fez uma última oferta, onde sugeriu trocar os dias de Carnaval pelos feriados de Tiradentes e Corpus Christi, mas a proposta não foi atendida.

Sindicato diz que atitude demonstrou apoio aos comerciários

Além de agir em prol dos direitos e benefícios dos trabalhadores do comércio de Feira de Santana, o SECOFS existe também, para assegurar que o trabalho de todos seja feito de forma muito mais produtiva.

Atendendo ao pedido de grande parte dos comerciários, o Sindicato convocou os comerciantes da cidade, para fazerem um acordo individual com os seus colaboradores, trocando a segunda e terça-feira de Carnaval com os feriados do dia 21 de abril e 08 de junho, com a liberação sem pagamento dos abonos de R$ 75 ou R$ 82, conforme convenção.

Diante da insatisfação de ambas partes, da determinação da administração do município em abrir o comércio durante a segunda e terça-feira de Carnaval, boa parte dos comerciantes aderiram ao acordo e irão fechar suas portas durante o período festivo.

Para muitos comerciantes, abrir suas lojas durante este período não traria grandes benefícios, pois grande parte dos residentes viajam para fora da cidade e também o comércio deixa de receber os consumidores das cidades circunvizinhas. O presidente do Sindicato dos Comerciários, Antônio Cedraz reforça dizendo que a adesão foi tão grande, que se calcula que mais de 50% do comércio estará fechado durante o Carnaval.

Complementa ainda dizendo que não foi possível retornar todos os e-mails recebidos, mas que os comerciantes podem ficar tranquilos que todos os acordos serão devidamente homologados e que o sindicato ainda está recebendo acordos até a sexta-feira (17), para a homologação na segunda-feira (20).

Para os comerciantes que ainda desejam fazer o acordo junto aos seus colaboradores, poderão baixar o modelo do documento na página do Instagram do Secofs, pegar a assinatura da maioria dos seus colaborares e enviar para o e-mail (assessoriageral@secofs.org.br).

O Secofs informa que está deixando um número de contato disponível para esclarecer qualquer dúvida: 75 98289-3113.