Milho e amendoim apresentam alta de preço no Centro de Abastecimento

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Milho e amendoim apresentam alta de preço no Centro de Abastecimento

As chuvas irregulares atrapalharam o cultivo dos produtos na região de Feira de Santana 

Crédito: Divulgação

Produtos considerados essenciais na mesa dos festejos juninos, o milho e o amendoim têm sido comercializados por preços considerados exorbitantes para quem busca estas iguarias. As chuvas irregulares atrapalharam o cultivo dos produtos na região de Feira de Santana, o que obriga os comerciantes buscarem em outras cidades, elevando os custos e o preço final destes produtos. Quem vai ao Centro de Abastecimento encontra milho com preços variando entre R$ 70 e R$ 90 o cento, enquanto o amendoim está oscilando entre R$ 100 a R$ 150. Os preços são motivo de reclamação para quem busca estas iguarias, como é o caso do aposentado Carlos Borges, que teve que reduzir a quantidade de produtos para levar para casa. "Não tem condições de levar milho e amendoim com estes preços: ano passado achei aqui milho de R$ 70, amendoim de R$ 80. Mas, com estes preços de agora, eu vou levar metade porque tem as outras coisas também para levar", afirmou.

A dona de casa Célia Mendes teve que adotar o mesmo expediente. "Moro no Santo Antônio dos Prazeres e vim para cá porque lá perto os preços estavam altos e aqui tá a mesma coisa. Costumo fazer várias comidas, mas vou ter que reduzir porque tá tudo muito caro, o milho e o amendoim, então", conta.

Até o momento, as vendas de produtos têm sido considerada discreta pelos comerciantes. "Estamos vendendo aqui, mas devagar, como sempre. Os tipos de laranja mais procurados são a laranja de umbigo, que está custando R$ 50 o cento. A laranja pera também tem saído bastante. Já o amendoim está oscilando entre R$ 100 a R$ 150. As coisas estão aumentando muito de preço e agora no período do São João a tendência é subir ainda mais, porque em muitas roças já está começando a faltar milho, que está vendendo bem e está custando entre R$ 70 e R$ 90 o cento, mas no São João a tendência é que o preço suba e talvez até falte milho", conta o comerciante José Ribeiro.

EXPLICAÇÃO

De acordo com a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Feira de Santana, Conceição Borges, a falta de terra para o cultivo desses produtos, o alto custo envolvido no preparo do terreno e a falta de políticas públicas voltadas para o trabalhador do campo são os fatores preponderantes para a alta no preço do amendoim e do milho. "Nossa região não tem uma grande quantidade de terra voltada para o plantio, o que impossibilita a rotatividade de cultivo entre os dois produtos. Fora isso ainda tem a questão climática. Nossa região - com exceção de Jaíba -, não se adequa muito a esses produtos, além do problema da estiagem, apesar de que este ano até que choveu bem. O nosso calendário agrícola se inicia dia 15 de abril e vai até 15 de junho, então nossa perspectiva é que tenhamos uma boa produção para o final de julho a início de agosto. Quem conseguiu plantar e produzir não o fez em grande escala, então boa parte dessa produção acaba ficando na zona rural mesmo, para o consumo das famílias, o que acaba reduzindo a oferta no mercado. Some a isso o aumento da demanda e temos aí a receita do aumento de preço", explica a presidente.

Expectativa é de boa produção nos próximos meses

Após dois anos de pandemia, onde coincidentemente também houve pouco volume de chuva, 2022 está sendo um ano mais promissor, pois além de um bom índice pluviométrico, houve também uma ampla adesão dos trabalhadores do campo à vacinação contra a covid-19. Entretanto, todo este cenário mais positivo em relação aos anos passados esbarra na falta de investimento na produção familiar rural.

"Nossa expectativa é de uma boa produção, mas poderia ser muito melhor se houvesse mais investimentos por parte do poder público, o que não acontece. Nesse momento que atravessamos, a produção está muito difícil, porque tudo está muito caro. Apoio dos governos é muito pequeno em face do necessário. Para se ter uma ideia, os programas de incentivo à agricultura familiar teve seu acesso reduzido, o Município não consegue estabelecer uma linha de diálogo com a classe sobre a produção de alimentos, além de distribuir apenas uma pequena quantidade de alimentos e o Governo do Estado da Bahia não tem um programa consistente de incentivo e fortalecimento à produção de alimentos pelo pequeno produtor rural. Para completar, está muito cara a adubação e o preparo do solo, então o pequeno produtor rural está, praticamente, entregue à própria sorte e trabalhando pela fé e pelos próprios esforços", destaca a sindicalista.

"Em relação ao plantio, a gente vem sofrendo constantes perdas. Esse ano, a gente iniciou agora o cultivo, mas como choveu demais, tivemos que suspender parcialmente a produção de milho, feijão, mandioca e batata doce e estamos esperando melhorar clima para dar segmento. Este ano, até o momento, foi muito pouco produtivo, mas esperamos que melhore para o segundo semestre", diz a produtora Beatriz Bispo, do distrito de Tiquaruçu, em função das fortes chuvas desse ano, que interferiram na produção da primeira metade do ano, mas traz esperança de melhora para os meses a seguir. 

 

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Sexta, 22 Novembro 2024

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