Diante das mudanças climáticas, agricultores feirenses temem perder safras para São João

GeralAquecimento Global

Diante das mudanças climáticas, agricultores feirenses temem perder safras para São João

Com alterações no ritmo das chuvas, plantações de milho e amendoim podem ser comprometidas.  

Foto: Reprodução
Feira de Santana Notícias 24h - Os pequenos agricultores de Feira de Santana têm sentido na pele os efeitos das mudanças climáticas, que afetam diretamente o ritmo da produção local. Com a mudança no calendário das chuvas desde o final do ano passado e a possibilidade de estiagem também este ano, com as frequentes ondas de calor em diversas regiões do país, eles temem perdas na produção do milho e do amendoim, que são ingredientes tradicionais durantes os festejos juninos.

Em entrevista ao Folha do Estado, o sindicalista Antônio Silva, que atua na Secretaria de Política Agrícola e Agrária do Sindicato dos Agricultores de Feira de Santana, revelou que os agricultores do município ainda dependem em grande parte da precipitação das chuvas para determinar o período em que vão plantar e colher seus produtos. A falta de tecnologias de irrigação tem dificultado o planejamento da entre safra.

"Ultimamente a chuva que era para cair no período de novembro a dezembro resolveu cair agora no final de janeiro e início de fevereiro, então houve alteração no período da entre safra do período da chuva de trovoada. Agora a expectativa é com relação à safra do meio do ano, do São João, cujo plantio acontece agora em 19 de março até o dia 10 de abril, para colher no mês de São João. Mas, as mudanças climáticas estão influenciando as safras, hoje só temos dois períodos de chuvas: a de inverno, que se inicia em maio, finalizando em agosto, e as chuvas de dezembro, que estão se transferindo para o final de janeiro, e a gente precisa fazer essa adequação", explicou o representante sindical.

📱 FEIRA DE SANTANA NOTÍCIAS 24H:Faça parte do canal do Folha do Estado no WhatsApp

Ele destacou que essa dependência das chuvas faz com o homem do campo fique limitado.

"O homem do campo trabalha de acordo com a chuva e se tem semente ele joga acreditando que pode ter a colheita. Se continuarem as chuvas de agora por diante, em média a cada 10 ou 15 dias, a gente acredita que vai ter as safras de São João, mas se não houver, a próxima produção só será a de maio, que é o plantio de inverno, e é quando a gente guarda as sementes e o alimento para comer depois. Já a safra junina é mais cultural", afirmou.

Dificuldades

Entre as principais dificuldades elencadas por Antônio Silva em relação à produção de alimentos na zona rural de Feira de Santana continuam sendo a falta de água tratada da Embasa (Empresa Baiana de Águas e Saneamento) e mais cisternas para que os agricultores possam coletar e armazenar a água das chuvas.

"O sindicato tem seu planejamento anual, das demandas do estado, município, reunião dos conelhos, e distribuímos as ações. Ontem (17) aconteceu uma reunião com o prefeito José Ronaldo, onde passamos nossas demandas e eles nos informou que o poder municipal está disposto a acolher nossas reivindicações, a exemplo da distribuição de água na zona rural, onde não tem água tratada da Embasa, como também o fornecimento de cestas básicas para amenizar as perdas do ano passado. Em relação à distribuição de sementes, o governo do estado está se disponibilizando, não sabemos a quantidade, mas vamos ter sementes para os agricultores do município", contou ao Folha do Estado.

Em relação à aquisição de máquinas, ele informou que atualmente as associações do município têm convênio com o governo do estado e com alguns parlamentares, que auxiliam na distribuição de máquinas na zona rural.

"Os distritos de Bonfim de Feira, Maria Quitéria, Tiquaruçu têm uma frota de mais de 30 tratores administrados pelas associações comunitárias. Então, a nossa dificuldade número 1 é água e a falta de reservatórios suficientes para armazenar a água que cai das chuvas."

A falta de água também influencia na criação de rebanhos. "Temos essa deficiência em guardar água para se manter. E hoje a questão dos rebanhos do município tem diminuído bastante, como os caprinos, suinocultura, das aves." 

 

Comentários:

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.
Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Já Registrado? Acesse sua conta
Visitante
Sexta, 21 Fevereiro 2025

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://www.jornalfolhadoestado.com/