Entenda acusações e o julgamento de Neymar Jr. na Espanha
A promotoria pede dois anos de prisão para Neymar
O julgamento que ocorre no Tribunal Provincial de Barcelona é o mais recente capítulo de uma longa briga de Neymar e seu pai com o empresário Delcir Sonda, dono do Grupo DIS.
O empresário afirma que era o dono de parte dos direitos econômicos do atacante quando eles foram vendido pelo Santos para o Barcelona, em 2013. O DIS fez denúncia à Justiça espanhola de que teria havido fraude no valor declarado da negociação.
Neymar, seu pai (de mesmo nome), sua mãe Nadine e os ex-presidentes do Barcelona Sandro Rosell e Josep Maria Bartomeu foram incluídos na lista de acusados de crime de corrupção de particulares. Os dirigentes espanhóis também respondem por fraude fiscal.
A promotoria pede dois anos de prisão para Neymar, capitão da seleção brasileira na Copa do Mundo do Qatar, que terá início em 20 de novembro. Ele também pode ser, em caso de condenação, obrigado a pagar multa de 10 milhões de euros (R$ 52,6 milhões).
O pedido inicial do DIS era que houvesse cinco anos de prisão e que o atleta ficasse impedido de atuar pelo mesmo período.
A denúncia foi feita pela empresa em 2015, ano em que o jogador conquistou o título da Liga dos Campeões pelo Barcelona.
O DIS afirma que era proprietária de 40% dos direitos de Neymar quando ele era do Santos. Em entrevista dada em 2017, Delcir Sonda disse se considerar traído porque começou a investir no atleta em 2009, seu segundo ano como profissional. Chegou a dizer que Neymar "não pode ser exemplo para nossos filhos".
O DIS informou ter pago US$ 2 milhões por 40% (R$ 10,5 milhões pela cotação atual) dos direitos do atleta. Ao alegar ter sido enganado por Neymar, seus pais e o Barcelona, a empresa pede a aplicação de multas que totalizariam cerca de 150 milhões de euros (R$ 778 milhões em valores de hoje).
A alegação do DIS, compartilhada pela promotoria, é que em 2011 Neymar e seu pai assinaram dois contratos com o Barcelona que não mencionavam que os direitos de Neymar pertenciam ao Santos e ao Grupo DIS. Um desses contratos tinha o valor de 40 milhões de euros (R$ 207,80 milhões atualmente) e serviu, acredita a acusação, para que o Barcelona contratasse Neymar antes que ele estivesse livre no mercado.
A promotoria diz que isso alterou as normas da livre concorrência no mercado de transferências.
A denúncia feita pelo DIS colocou também em dúvida o valor declarado pelo Barcelona para a compra de Neymar em 2013. O clube informou que teriam sido 57 milhões de euros (R$ 295,7 milhões). A promotoria suspeita que a negociação, na verdade, tenha sido de 83,3 milhões de euros (R$ 432,20 milhões).
Também foi convocado para depor Odílio Rodrigues Filho, presidente do Santos à época da venda do jogador.
Em seu depoimento, Neymar disse que não tomou parte da negociação e que assinou tudo o que seu pai lhe pediu.
"Sabia de rumores de outros clubes interessados em me contratar, mas meu sonho sempre foi jogar pelo Barcelona, o clube dos meus sonhos", disse.
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