Corinthians apresenta 'equipamentos de espionagem' encontrados na sede e no CT da base
Três sensores de movimento com câmeras foram descobertos, ocultos no interior de cada um
O Corinthians tomou uma atitude surpreendente ao apresentar à Polícia os equipamentos de espionagem descobertos nas dependências do Parque São Jorge e no centro de treinamento utilizado pelos jovens atletas das categorias de base do clube.
Uma matéria publicada pela Folha na última quarta-feira (10) trouxe à tona a revelação de que ao menos três câmeras e escutas foram encontradas no andar que abriga a sala da presidência no Parque São Jorge, onde ocorrem importantes reuniões com dirigentes e conselheiros do clube.
Segundo o relatório apresentado pelo clube, a inspeção minuciosa das instalações foi conduzida pela empresa KGB. Durante a operação, três sensores de movimento com câmeras foram descobertos, ocultos no interior de cada um. O documento destaca que os sensores foram modificados para a inserção das câmeras.
Além disso, foram localizados dispositivos na recepção do quinto andar do prédio administrativo. Uma câmera dissimulada foi identificada em uma sala de reunião no CT da base. O artefato de espionagem, situado no ambiente destinado aos jovens atletas do clube, estava conectado a um gravador do tipo DVR, armazenando as gravações realizadas pelo dispositivo instalado.
Ao ser questionado pela reportagem sobre a descoberta do esquema de espionagem, o Corinthians confirmou a informação e, em uma breve nota, expressou que "a nova administração do Corinthians lamenta, mas não se surpreende com o ocorrido".
Inicialmente, a gestão do presidente Augusto Melo relutou em solicitar uma investigação policial, temendo que tal questão pudesse manchar a reputação do clube. Havia também o receio de ser acusado de ter plantado os equipamentos para criar uma notícia sensacionalista.
Contudo, após a divulgação da matéria, o ex-presidente Duilio Monteiro Alves, antecessor de Augusto, registrou um boletim de ocorrência, o que obrigou a nova diretoria a formalizar a denúncia.
Duilio Monteiro Alves, ao ser entrevistado pela Folha, afirmou não acreditar que câmeras e microfones tenham sido ocultados na sala que ocupou de 2021 a 2023. No entanto, caso algum equipamento seja encontrado, ele sugere que o alvo da espionagem era ele próprio.
"Não acredito que algo foi encontrado. Mas se havia algo, certamente o alvo era eu", afirmou Duilio à Folha.
O ex-dirigente declarou desconhecer completamente a existência de qualquer tipo de equipamento instalado e escondido e repudiou veementemente qualquer insinuação de vínculo de sua gestão com práticas dessa natureza.
No último ano de seu mandato, Duilio Monteiro Alves se distanciou do grupo que o ajudou a se eleger, e divergências políticas surgiram, alimentando especulações sobre a possibilidade de ele próprio ter sido monitorado por pessoas de seu próprio grupo. O caso, que mistura elementos de espionagem e intrigas internas, adiciona um capítulo complexo à história do Corinthians.
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