Feira de muitas feiras: da tradição aos negócios
Especial Feira de Santana 190 anos
Feira, substantivo feminino: reunião de vendedores e compradores em determinado local e hora, com a finalidade de comércio. A definição anterior vem do dicionário Aurélio, mas, nas ruas de Feira de Santana, perguntamos aos transeuntes: "O que é feira?', e as respostas foram tão plurais e diversas quanto as nossas feiras.
"De onde a gente tira o sustento", disse Maria do Carmo, vendedora de tomates, no centro de abastecimento; "Feira é onde a gente compra comida boa, a do mercado é cheia de agrotóxicos, não presta", afirmou Angelina de Souza, costureira, no bairro Conceição I; "Feira é quase nossa casa", declarou José Olegário, vendedor de coentro, na Feira da Cidade Nova; "Feira é onde a gente abastece as famílias com o que a nossa família produz", contou Cícero Silva, vendedor de aipim, na feira da Estação Nova.
Já deu para perceber que feira, aqui na cidade princesa tem um teor mais forte e quase romântico, do que nos outros lugares, não é? Diversas manifestações multicoloridas, com lonas, tabuleiros, barracas improvisadas, carrinhos são posicionadas onde tem gente, onde tem cliente, onde tem quem compre absolutamente qualquer coisa que dê pra vender de forma rápida, respeitando a correria do dia a dia de quem anda pelas ruas da cidade. Verduras, frutas, legumes dividem espaço com capas de celular, massa de tapioca, controles de televisão… nas feiras que quase dominam toda a Feira, se encontra de tudo.
Feirantes, vendedores, ambulantes, comerciantes, feireiros, autônomos, todos esses e muitos outros são usados para nomear essas pessoas que podem ser encontradas em quase todas as partes de Feira de Santana. São exatamente 9 feiras livres espalhadas pela área urbana da cidade (Feira X, Gabriela, George Américo, Sobradinho, Aviário, São João - Estação Nova, Cidade Nova, Conceição II, Bom Viver, Praça do Tropeiro, Marechal Deodoro, Bernardino Bahia). Já na zona rural, são 6 (Tiquaruçu, Matinha, Jaguara, Limoeiro, Bon‑ m de Feira, Humildes). Contamos ainda com uma grande central de abastecimento, que é o Centro de Abastecimento, ou CEASA, localizada no centro da cidade, mais precisamente, na Rua Manuel Mathias.
"As feiras livres são os grandes vetores de desenvolvimento da cidade. Primeiro, que Feira de Santana nasceu da feira, então culturalmente, é muito importante a gente manter essa cultura. Tem outro aspecto também, que é promover a comercialização de produtos agrícolas, principalmente do pequeno e médio produtor que nós temos aqui em Feira, então a feira serve ainda para escoar essa produção, e o terceiro aspecto é fomentar o comércio local. Nós temos aí espalhado durante toda a cidade, nos distritos, várias feiras, vários mercados e que estimulam o comércio local", a afirmação é do chefe da Divisão de Mercados e Feiras Livres, Cristiano Gonçalves.
De fato, onde tem feira, tem comércio e onde tem comércio, tem geração de renda. Cecília Passos é feirante há 10 anos da feira do Tomba, antes, comercializava no distrito onde vive, Bonfim de Feira. "Aqui no Tomba a gente tem venda durante a semana toda. Como eu sustento minha família da feira, quanto mais dias para vender, mais dinheiro entra", afirmou.
De acordo com Cristiano Gonçalves, a feira, que fica localizada na praça Macário Cerqueira, elevou a economia de todo o bairro Tomba. "Há alguns anos atrás, o crescimento que houve no bairro do Tomba simulando o comércio local, foi um negócio muito forte e isso começou com a transformação do mercado e da feira livre, impulsionando o comércio local", elucidou.
"É essa a força da feira livre de Feira de Santana, gerar empregos. Hoje, a gente tem cerca de dez mil empregos sendo gerados diretos sendo gerados. Feira começou de uma feira e permanece com a sua feira pujante", declara Cristiano Gonçalves.
As feiras todas da Feira de Santana são carregadas de histórias, diversidade, escambos, visitantes, jogos do bicho, rifeiros, sons: "olha o tomate"; "tem coentro fresquinho", freguesia fiel e turistas que se encantam com a novidade de uma cidade que abriga o maior polo comercial do norte/nordeste, um polo industrial rico, e ainda assim, não se rendeu, não perdeu o costume em ser feira, em ofertar, apresentar, unir o útil e o agro numa só banca e apresentar nos quatro cantos da vida urbana. Feira e suas feiras são, sobretudo, feitas de gente.
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