A força da zona rural no cenário da música feirense

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A força da zona rural no cenário da música feirense

Foi entre os cantos do trabalho na roça, entre as plantações de milho, feijão e mandioca que surgiu a Quixabeira da Matinha 

Crédito: Divulgação

De acordo com dados históricos o distrito da Matinha é o mais recente de Feira de Santana sendo criado em 2007 através de uma lei municipal. Antes, o local fazia parte do mais antigo distrito do município, o de Maria Quitéria (São José). Apesar da sua criação relativamente recente, é de lá que desponta para o restante do estado e do Brasil o grupo cultural Quixabeira da Matinha. 

Foi entre os cantos do trabalho na roça entre as plantações de milho, feijão e mandioca que lá na década de 1979, o grupo de samba de roda raiz surgiu a partir da iniciativa do saudoso Marcos Gonçalves de Souza, mais conhecido como mestre Coleirinho da Bahia juntamente com sua esposa, dona Chica do Pandeiro que ano a ano iam promovendo o tradicional samba de roda no terreiro da sua casa, o que mais tarde daria origem ao que é hoje o mais tradicional e importante grupo cultural do distrito. 

O nome 'Quixabeira' vem da palavra quixaba, planta muito presente no interior do Nordeste e que se caracteriza por ser bem resistente às altas temperaturas e períodos de seca, e condiz bem com a proposta que o grupo vem apresentando ao longo das mais de três décadas de existência que é simbolizar a resistência do trabalhador rural diante das dificuldades impostas pela labuta no campo, além de claro, preservar a tradição da cultura rural e do samba de roda. 

Atualmente à frente do grupo cultural, Guda Moreno, cantor e compositor de samba de roda e também filho dos fundadores originais do projeto fala sobre a importância da Quixabeira da Matinha não somente por ser um grupo formando exclusivamente por trabalhadores da zona rural, mas por também servir como inspiração para o surgimento de outros grupos com a mesma proposta da Quixabeira: 

"O grupo tem uma importância principalmente por os membros serem todos oriundos da zona rural. Saímos aqui da roça, e junto com o Coleirinho, conseguimos pegar esse samba e leva-lo daqui para a cidade, a divulga- -lo na cidade. Conseguimos também quebrar barreiras, pois por ser do campo existe uma certa discriminação, e aí a gente começa a disseminar essas questões, e com isso, além da música conseguimos quebrar todas essas questões. E depois da Quixabeira lá em 89 para cá começa a surgir outros grupos aqui da zona rural também se destacando com a mesma proposta.

O sambador comenta também sobre o sentimento de felicidade em hoje está à frente da Quixabeira."O sentimento é de muita alegria e satisfação em fazer parte da Quixabeira. Temos também a questão do compromisso e responsabilidade de salvaguardar tudo isso que Aureliano sambador e Coleirinho deixaram aqui na Matinha dos Pretos. A gente tem ainda a satisfação em pegar o grupo e colocá-lo para tocar também nas cidades, em outros estados e até mesmo no exterior divulgando nosso trabalho. Tudo isso aconteceu graças ao trabalho que Coleirinho formou, com o a Quixabeira", disse. 

O grupo possui cinco discos gravados, e já se apresentou em eventos como o carnaval de Salvador, Bienal do Livro do Rio e até mesmo em Portugal, na Semana de Cultura da Bahia, em 2018. 

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