UEFS emite nota de repúdio após corte em orçamento
Ministério da Economia cortou 90% das verbas destinadas à ciência, diz instituição
Nota de Repúdio
Na última sexta-feira, dia 08/10, a comunidade acadêmico-científica brasileira foi afrontada pela notícia do corte de 90% das verbas destinadas à ciência no país, pelo Ministério da Economia. Tal ignobilidade se põe em linha com o espírito geral de um Governo Federal que nega a importância da ciência, menospreza e estrangula órgãos técnicos, que solapa e aparelha a cultura, e que vê as universidades públicas como meras fontes de despesas, quando não as reduz à condição de indesejáveis antagonistas políticas.
O endosso desse absurdo pelo Congresso é ainda mais grave. Nestes tempos em que a "defesa da pátria" se tornou estandarte de boa parte dos representantes eleitos da população, a medida fere diretamente os interesses nacionais por obviamente comprometer o potencial de inserção do Brasil no cenário de protagonismo tecnológico mundial. A ideia ultrapassada de que o Brasil possa se acomodar apenas como uma nação produtora de comodities agrícolas não tem mais lugar na realidade de nossos dias, e ignora o fato de que até mesmo tal expectativa depende cada vez mais de investimentos em (bio)tecnologias.
Uma decisão tão lamentável mostra que infelizmente grassa, hoje, entre atores e mandatários políticos em exercício, um misto de ignorância e desdém acerca da importância estratégica do fomento à pesquisa em âmbito nacional. E assim sendo, tais entes ignoram que cada dólar investido em atividade científica retorna à sociedade multiplicado por seis, ou que em 2021 o triste fenômeno da fuga de cientistas do país, das mais variadas áreas do conhecimento, já é 40% maior que em 2020, o que nos faz retroceder décadas em relação a outras nações, no que concerne ao esforço de qualificação de mentes e dos efeitos econômicos e sociais daí decorrentes.
A Universidade Estadual de Feira de Santana se soma às outras instituições de pesquisa do Brasil, em sua manifestação de repúdio a tão execrável decisão governamental, fruto de obscurantismo, miopia estratégica e descompromisso com as futuras gerações. Esperançamos que a sociedade civil venha a se posicionar também contra um gesto tão lesivo aos seus interesses. E determinamo-nos, com veemência redobrada, no compromisso de tentar minorar institucionalmente os efeitos desse cenário para a pesquisa científica na UEFS, em defesa da preservação de um ambiente academicamente produtivo e do interesse na difusão da ciência, como bem comum de nossa coletividade.
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