Aprovado em doutorado na Inglaterra, estudante da Uefs busca apoio para custear viagem

Aprovado em doutorado na Inglaterra, estudante da Uefs busca apoio para custear viagem

Estudante tem até final de maio para conseguir R$ 17 mil referente a taxas.

Foto: Arquivo Pessoal

Estudante recém-formado do curso de Letras com Inglês da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), o jovem pesquisador Igor dos Santos Mota, de 24 anos, está prestes a realizar mais um sonho em uma sua jornada acadêmica e como parte de um desejo real de transformar a sociedade por meio da educação.

Natural do Povoado de Bela Vista, município de Cansanção, Igor Mota conquistou o diploma de graduação na Uefs, no início de maio deste ano. Mas, antes mesmo de finalizar o curso na instituição, ele foi selecionado como bolsista na Universidade de Derby, na Inglaterra, onde por quatro anos fará o PH.D em Educação, a partir do final de junho. A entrevista para o doutorado ocorreu antes da defesa do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e a aprovação chegou dois dias depois.

Em entrevista ao Folha do Estado, o professor contou sobre a emoção de ter sido selecionado para realizar o doutorado em outro país e dar um passo tão grande em sua carreira como professor e pesquisador da área de linguagens.

"Eu sempre quis ser professor, mas não sabia precisamente do quê. Quando eu fui crescendo, e percebendo minha facilidade com as humanidades, especialmente durante o Ensino Médio no IFBA Campus Feira de Santana, eu decidi seguir essa carreira. Desde pequeno eu tinha facilidade para me comunicar. Eu aprendi a ler aos 2 anos e escrever aos 3. Por volta dos 10, fiquei fascinado pelos mundos possíveis em inglês, e foi a partir dali que eu me dediquei mais aos estudos e à prática da língua", revelou.

Ajuda financeira

Faltando pouco mais de 30 dias para a viagem, Igor Mota falou ainda sobre os desafios que têm enfrentado para conseguir custear parte das despesas . Segundo ele, o prazo para pagamento de todas as taxas referentes ao consulado encerra dia 30 de maio.

"Eu estou no processo mais desafiador até então, que é o de emissão do visto. É o único custo que terei com todo o processo. Consegui o valor da passagem através de uma bolsa que ganhei da Keystone Education Group, uma instituição sueca. Durante a minha estadia no país, terei a bolsa integral da universidade para me manter. O custo do visto é bastante considerável (R$ 27.000 de taxas consulares + seguro saúde), para um prazo curto. Tenho até o fim de maio para enviar a documentação e tenho menos de 1/3 desse valor em caixa", informou o estudante.

Segundo ele, do valor total necessário para as despesas, já conseguiu R$ 10 mil, faltando ainda o montante de R$ 17 mil, que deverá conseguir até o dia 30 de maio para pagamento das taxas.

"Venho tentando conseguir esses recursos através de amigos e empréstimos. O problema é que não tenho como parcelar as taxas, preciso pagá-las todas de uma vez. Por conta disso, fico aberto a potenciais investidores, e pessoas que também acreditam no meu sonho, ou que querem colaborar de alguma forma. Minha chave Pix é o e-mail prazercidadao@gmail.com (Igor dos Santos Mota - Nu Investimentos) e o meu instagram é @umdospoucos, caso alguém queira fazer algum tipo de parceria ou projeto na área educacional", solicitou.

Foto: Arquivo Pessoal

Pesquisa acadêmica

Durante o período em que irá permanecer na Inglaterra, Igor Mota irá desenvolver seu projeto de pesquisa do doutorado com foco na decolonização do currículo universitário.

"É basicamente olhar para as referências acadêmicas e científicas que nos construíram e questionar: Por que só tem gente da Europa aqui? Por que só tem gente falante de inglês aqui? E por que não temos mais mulheres, pessoas negras e latino-americanos sendo referências também? Meu doutorado consistirá em estudar propostas que fogem do padrão eurocêntrico e investigar isso em terras britânicas (que literalmente colonizaram o mundo quase todo) vai ser bastante desafiador."

Na visão do jovem pesquisador, a resposta para uma sociedade mais justa e plural está na Educação.

"Na Educação libertária de Paulo Freire, a que estimula o pensamento crítico e fortalece o nosso esperançar de um mundo mais justo, plural e democrático. Espero que a minha trajetória sirva de inspiração para outros jovens, nos interiores da Bahia e do Brasil, que assim como eu, acreditavam que não seria possível ocupar novos espaços."

Esforço e reconhecimento

Filho de professora e pai caminhoneiro, o pesquisador recordou que aos 5 anos precisou se mudar do povoado onde vivia com os pais e mais dois irmãos para morar na casa de uma tia, após receber uma bolsa de estudos em uma escola privada na cidade de Valente. Agora, a história se repete e, com esta bolsa internacional, o jovem professor tem diante de si a oportunidade de contribuir na área de educação, por acreditar que pode transformar a sociedade a partir dos estudos.

"Vejo essas bolsas como um reconhecimento do meu esforço, mas também é uma marca da minha condição social, porque eu não teria como acessar esses espaços sem o incentivo financeiro. Felizmente, dentro da Uefs, muita gente enxergou e acreditou no meu potencial, e me incentivou nessa empreitada. Acho que o único pensamento que não passou pela minha cabeça, em momento algum, foi "eu não mereço isso". Porque dizer isso seria negar que minha família, minha comunidade, meus antepassados, meus professores, meus amigos, e todo mundo que me ajudou a conquistar isso, não merecem também - o que é bastante injusto", salientou ao Folha.

Foto: Arquivo Pessoal
 

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