Bolsonaro confirma que não dará reajuste a servidores, mas diz que pode dobrar vale-alimentação
Não haverá reajuste por falta de recurso no orçamento
A quatro meses das eleições, o presidente Jair Bolsonaro (PL) confirmou nesta segunda-feira (13) que não haverá reajuste para servidores neste ano. Ele disse, contudo, que ainda está em estudo a possibilidade de dobrar o valor do auxílio-alimentação de todas as categorias ainda em 2022.
"Lamentavelmente, não tem reajuste pra servidor. Nós estamos tentando agora, que tem que vencer legislação eleitoral, dobrar, no mínimo, o valor do auxílio-alimentação", disse a jornalistas, em frente ao Palácio do Planalto. Ele não detalhou, contudo, quanto custaria o incremento ao benefício.
Segundo Bolsonaro, não haverá reajuste por falta de recurso no orçamento. O governo estudava conceder um reajuste ainda mais generoso para carreiras policiais, que integram sua base de apoiadores.
O próprio presidente disse estar discutindo essa possibilidade com o ministro da Economia, Paulo Guedes, com quem teve reunião nesta segunda-feira, fora da agenda.
O jornal Folha de S.Paulo antecipou, em fevereiro, que o governo estudava elevar o vale-alimentação como alternativa ao reajuste.
O Executivo paga hoje um auxílio-alimentação de R$ 458 mensais a todos os servidores ativos, exceto aqueles que estão afastados por licença-capacitação de longa duração ou por cessão a organismos internacionais.
Já o auxílio pré-escolar, pago a funcionários ativos com filhos de até seis anos, tem valor de até R$ 321 mensais.
Os valores tiveram o último reajuste em 2016 e estão bem abaixo do que é pago pelos demais Poderes.
O governo vinha estudando a possibilidade de conceder reajuste de 5% para todos os servidores, e uma porcentagem ainda maior para carreiras policiais -Polícia Rodoviária Federal e Depen.
Aos jornalistas, Bolsonaro disse que o governo tinha recursos para fazer a reestruturação dessas carreiras, mas que não o fez por "bronca" de outros servidores. Policiais são considerados eleitores do presidente, no Planalto.
Bolsonaro está em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele vinha sendo desaconselhado por aliados a conceder o aumento mais generoso aos policiais justamente para não desagradar aos demais funcionários públicos.
"Tinha bronca de próprios outros servidores de outros setores, setor público [falando] 'ah, vou ameaçar parar'. Vários representantes. Então não pude prosseguir com a [reestruturação] da Polícia Rodoviária Federal, nem como da Depen", disse.
Categorias da elite do funcionalismo público vinham ameaçando fazer greves, seja para conseguir também serem contempladas no aumento, seja por considerarem os 5% insuficientes.
"Você imagine aí parando aí o Banco Central, parando a CGU, parando a Receita, parando os fiscais sanitários. Agora, se alguém apontar onde eu posso usar recursos, eu dou reajuste agora, em 20, 30, 40% para todo mundo. Para o ano que vem é possível, estamos preparando", continuou.
O recuo ocorre após idas e vindas em estudos para aumentar de todas ou só apenas algumas categorias. Na semana passada, ele já havia sinalizado para a possibilidade de ninguém ter reajuste, mas ainda sem afirmar categoricamente a decisão.
"Lamento, [mas] pelo o que tudo indica, não será possível dar nenhum reajuste para o servidor no corrente ano", disse Bolsonaro em entrevista ao SBT.
Na semana passada, o governo federal bloqueou a execução de R$ 8,7 bilhões do Orçamento de 2022 para não descumprir o teto de gastos, que impede o crescimento das despesas federais acima da inflação.
A medida inclui a verba de R$ 1,7 bilhão originalmente destinada a reajuste de servidores -reforçando a dificuldade de conceder aumentos ao funcionalismo diante das limitações fiscais.
O corte atinge principalmente os ministérios da Ciência, da Educação e da Saúde.
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