Polícia ignorou contradições de esposa de suspeito em depoimento sobre morte no PR
Francielle Silva alegou que o marido fazia 'ronda' em clube onde petista fazia aniversário
Usado como base paradescartar a hipótese de crime de ódio por motivação política , o depoimento de Francielle Silva, esposa do policial penal que matou o tesoureiro do PT Marcelo Arruda, em Foz do Iguaçu (PR), contou com informações opostas às conclusões apresentadas pela própria Polícia Civil do Paraná à imprensa.
Segundo apuração da coluna de Bela Megale, no jornal O Globo, os investigadores ignoraram uma série de contradições de Francielle, dentre eles o fato dela dizer que o marido não sabia do aniversário com tema do PT, enquanto outras testemunhas relataram que Jorge José da Rocha Guaranho estava em um churrasco e obteve informações a respeito da festa com tema político na sede da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu (Aresf).
Diferente do que disseram outras pessoas ouvidas pela polícia, Francielle disse que, a pedido de um tio, o esposo saiu para acender a churrasqueira e confraternizar com pessoas do futebol. Ela disse que Guaranho retornou para buscá-la com o bebê e que a família ficou no local até cerca de 23h40, quando, segundo ela, o policial decidiu "fazer uma ronda" na sede da Aresf, onde o petista fazia o aniversário.
"Ele faz parte da diretoria da Aresf, onde estava acontecendo o evento do guarda municipal. Todos eles que moram ali, que fazem parte da diretoria fazem essa ronda. Ele não é fanático pelo Bolsonaro como estão dizendo, mas estava ouvido uma música que é 'o mito chegou e o Brasil acordou', que nem fala do Bolsonaro nada, fala o mito chegou e tudo mais", relatou.
Ainda de acordo com a coluna, ao ser questionada sobre quantas vezes acompanhou o marido neste tipo de ronda, Francielle afirmou que foram duas ocasiões e não menciona que Guaranho teve acesso prévio às imagens da festa com tema do PT.
Quando questionada se "autorizaria" a apreensão do telefone celular do marido, ela titubeia, olha para a advogada e pergunta o que a profissional acha. "Acho que não", disse a advogada. Mesmo após a orientação, o aparelho acabou sendo apreendido pelos investigadores.
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