O Rio Tapajós, que corta 840 quilômetros no coração da Amazônia brasileira, é palco de uma realidade complexa e desafiadora. Atravessando territórios indígenas, parques nacionais e áreas de mineração de ouro em pequena escala, o rio testemunha a luta dos garimpeiros contra condições de trabalho precárias e perigosas. Cerca de 40% dos garimpeiros são vítimas de tráfico humano para trabalho forçado, segundo um estudo da ONU, revelando uma face sombria e pouco conhecida da mineração na região.

Clóvis, de 53 anos, ilustra bem essa realidade. Migrante interno, ele chegou ao Pará ainda criança e, após anos em diversos trabalhos, dedicou-se ao garimpo. Apesar de sofrer de um grave problema cardíaco, ele não desiste do sonho de encontrar ouro. Atualmente, Clóvis reside em um abrigo público em Itaituba, esperando por uma melhora em sua saúde para retornar ao garimpo.

A vida de Francisco, de 57 anos, é marcada por desilusões e perdas. Atraído pela promessa de riqueza no garimpo, ele se afastou da família por 34 anos, apenas para descobrir que o trabalho era muito diferente do que imaginava. Francisco acumulou dívidas e foi explorado, mas ainda mantém a esperança de um dia transformar sua sorte.

As mulheres também enfrentam desafios no garimpo, muitas vezes em funções de apoio como cozinheiras. Iranir, de 57 anos, começou a trabalhar no garimpo aos 14, buscando uma saída para a pobreza. Com o tempo, tornou-se barqueira e hoje possui um modesto bar às margens do rio Crepori. Sua história de superação e resiliência é um reflexo da luta diária de muitas mulheres na região.

O Projeto Tapajós, liderado pelo Unodc e financiado pelo Departamento de Estado dos EUA, busca combater o tráfico humano e melhorar as condições de vida na bacia do Tapajós. Com intervenções baseadas em evidências, o projeto visa transformar a dura realidade dos garimpeiros, oferecendo esperança e dignidade para aqueles que enfrentam os desafios do garimpo.