A cantora foi vítima de um golpe aplicado por um estúdio em São Paulo quando tentou gravar um DVD acústico intimista com participações especiais de renome nacional, tudo articulado por uma pessoa que se dizia representante do proprietário do estúdio. A suspeita de aplicar o golpe foi presa em flagrante, mas pagou fiança e encontra-se em liberdade.

"Foi uma decepção muito grande. Acreditava na amizade dela e ela valorizava muito o meu trabalho. Ela conseguiu convencer eu e meu marido, apesar da gente pesquisar tudo antes de fechar. Foi muito bem montado. Era a gravação de cinco músicas em estúdio. Foram R$ 87 mil que se foram. Foi um tombo que me empurrou para frente", comentou a cantora em entrevista ao FOLHA DO ESTADO.

O que Giselle não imaginava é que de tão perto dela viria a ajuda que colocaria a carreira nos trilhos. Após ter conhecimento do que aconteceu com conterrânea, o cantor Wesley Safadão além de ceder o estúdio pessoal para cantora, fez um feat com Giselle ('Corpo inflamável'), lançada no último mês de março. "Safadão comprou a ideia. Ele me deu a música, o estúdio e ainda veio fazer feat comigo. Ele viu em mim um talento. Eu ali do lado dele no Ceará. Ele é meu parceiro de feat e padrinho", contou Café, que também já gravou com outro grande nome do forró, Batista Lima, ex-banda Limão com Mel, uma releitura de 'Pra Sempre Vou te Amar', lançada em junho de 2022.

"Na pandemia a chave virou para mim e percebi que podia mais. Foi dando certo e o público foi gostando. Me senti muito lisonjeada quando vi aquelas duas figuras. Batista Lima foi a voz do forró dos anos 2000 e o Safadão é o maior astro pop da atualidade", completou.

Outro detalhe da carreira de Giselle Café é a mão certeira para composições. Durante a fase mais aguda da pandemia a veia letrista da cearense mais que aflorou. Ela conta que foram escritas 160 composições. Hoje passam de 200 as letras escritas por ela. "Vem tão de dentro, de forma tão gratuita. Na pandemia quase entro em depressão, amo cantar, ensaiar, estar naquele universo, ai de repente todo mundo em casa. Eu já era compositora e não acreditava nas minhas músicas. Ai comecei a guardar as últimas. A Bahia, Ceará e Goiás são polos de compositores no Brasil e tenho muito amigos compositores e tive coragem de mostrar minhas composições", comentou. "Toda semana eu componho. Do nada pode surgir um tema bacana", disse.

Uma curiosidade sobre o processo criativo da cantora e compositora: "não gosto de beber compondo. As ideias se vão muito rápido. Zero álcool, funciona melhor, fizemos várias experiências".

Duas destas músicas estão prestes a serem lançadas: uma delas 'Pelada' estará em todas as plataformas digitais a partir de 5 de maio. Será uma sequência de arrochas que a cantora lançará. 'Causa e Efeito' é outro lançamento programado. "O Brasil inteiro abraçou o arrocha. O arrocha, piseiro e sertanejo. No Ceará amamos o arrocha. Estamos passeando entre o arrocha e o forró romântico. Tenho muito cuidado em não perder minha identidade vocal", disse.

O que também deixa a cantora entusiasmada é o São João. Ela planeja gravar um DVD ao vivo e revela um grande sonho na carreira. "É o sonho da minha vida cantar na Bahia. Tenho muitos amigos baianos, a música da Bahia pulsou forte no meu coração muito cedo. Eu trago minhas músicas, um flashback com Dominguinhos, Jackson do Pandeiro, releituras de alguns clássicos com a minha voz", adiantou Giselle sobre o repertório.