Na quinta-feira (8), foi realizada no Hospital Dom Pedro de Alcântara (HDPA) de Feira de Santana, uma coletiva de imprensa, para celebrar o marco de 400 transplantes renais realizados na unidade. Durante o evento foram apresentados o paciente 'número 1' e o paciente número 400.

O diretor médico Edval Gomes, diz que é um número é motivo de celebração e que o trabalho começou a ser realizado desde o ano de 2015. "A Santa Casa foi pioneira da Bahia na realização de transplante renal, já tem uma longa caminhada, mais de 10 anos executando transplantes renais em nossa região e alcançarmos um valor de 400 é algo muito expressivo, poucas instituições conseguiram alcançar esses números, então a gente precisa comemorar. Estamos com serviço ativo, são muitos pacientes em análise para transplante semanalmente, os nossos transplantes continuam diariamente analisando disponibilidade de órgãos para conseguirmos avançar com algum transplante", comemora.

O especialista diz ainda que o doador ideal é o indivíduo com morte encefálica, ou seja, sem qualquer evidência de atividade cerebral e que se encontre com o coração batendo. Desta forma, os órgãos estão sendo perfundidos e mantidos em condições de serem transplantados. "Temos dois tipos de captação, onde temos um doador vivo, um parente de primeiro grau, esposa, pode fazer a doação para um paciente que esteja em fila e precisa haver compatibilidade e já no outro formato é do doador falecido, de um indivíduo que, por exemplo sofreu um acidente automobilístico e teve morte cerebral anunciada, a equipe vai fazer avaliação e esse órgão é retirado, vai para o governo do estado para o painel imunológico para ser associado Aos pacientes da fila. Temos o tempo de isquemia, que é quanto menos o órgão ficar fora do corpo e quanto mais rápido for o trâmite, melhor. Pode levar algumas horas ou até 24 horas, é possível de ser utilizado. Mas, quanto mais rápido, maior a chance de sucesso".

RELATOS

Luciane Dias, primeira paciente transplantada na Santa Casa, diz que está muito saudável e que o procedimento possibilitou uma vida sem privações e com muito bem-estar. "Tenho 8 anos de transplantada e estou muito bem. Agora cuido mais da saúde, estou sempre me exercitando. A gente faz o transplante, mas tem que cuidar muito bem da saúde, alimentação, principalmente no que tem sal, pois o sal representa perigo para o paciente renal. Vivo normalmente, mas antes da realização do transplante tinha uma vida totalmente diferente, com muitas privações, com hemodiálise três vezes por semana", conta.

O transplantado de nº 400, José Paulo Albert de Souza, ficou 4 anos à espera do órgão na fila do transplante e hoje, em plena recuperação, agradeceu a toda equipe técnica e diz que se sentiu acolhido e agora se sente pronto para realizar tudo que antes não poderia. "Estou realizado, voltei a sonhar o que antes a enfermidade não me permitia. O equipamento que me mantinha vivo, era o mesmo que me matava aos poucos. Eu estava muito bem trabalhando e de repente passava mal, caia uma situação difícil, tinha uma sede absurda e não podia beber água, é desesperador, só quem sabe o que passa mesmo é a gente. Hoje me sinto muito bem, com fôlego renovado, mente boa. Antes eu não gostava de viajar, mas agora quero viajar, sair e curtir a vida. Deus me deu uma nova oportunidade e agora eu quero fazer tudo que não fiz antes. Recebi o órgão de uma doação anônima e, inclusive, quero agradecer aos familiares que permitiram a doação. Espero que outras pessoas façam o mesmo, doem os órgãos para que muitos outros voltem a sonhar", comemora.