Programa Vacina Bahia fortalece ações de imunização
Criado este ano, projeto tem como alvo principal cidades com baixa cobertura vacinal
A Secretária da Saúde da Bahia, Roberta Santana explica que a ação foi iniciada focando nos 43 municípios com até 100 mil habitantes com as mais baixas coberturas vacinais no Estado. Desde o início de setembro, o programa foi expandido, passando a recorrer à estratégia da busca ativa e levando os agentes de imunização até as comunidades quilombolas, indígenas e ribeirinhas dos 417 municípios baianos.
"O Vacina Bahia veio para mudar o cenário dos baixos índices de vacinação no estado", explica a secretária. "Nós disponibilizamos veículos para levar os vacinadores a comunidades mais distantes, técnicos de enfermagem e computadores para serem utilizados nas salas de vacina. Nessa segunda etapa, estamos apostando na estratégia que chamamos de ação extramuro, com a qual garantimos levar a vacina para algumas pessoas que muitas vezes não conseguem chegar aos postos de saúde. Ampliamos nosso campo de atuação e também passamos a ter como foco a vacinação de quilombolas, indígenas, comunidades ribeirinhas, além da busca ativa em escolas."
Para viabilizar a ação, foram investidos, segundo a Secretaria da Saúde (Sesab), mais de R$ 4,6 milhões na contratação de vacinadores, treinamento e capacitação de equipes, bem como infraestrutura e locação de veículos. Além do investimento financeiro, as autoridades e conselhos de saúde do Estado e dos municípios foram engajados para ampliar os resultados.
Somente para a aquisição de dez veículos que percorrem comunidades mais afastadas em todo o estado foram investidos R$ 918 mil. Os carros foram destinados aos nove Núcleos Regionais de Saúde (NRS) da Bahia: Núcleo Regional de Saúde Leste, que abrange a Região Metropolitana de Salvador, recebeu dois veículos para uso exclusivo no programa de vacinação, NRS – Sul, Oeste, Centro-Leste, Centro-Norte, Nordeste, Extremo Sul, Norte e Sudoeste – que foram contemplados com um veículo cada.
Força-tarefa
Para a médica infectologista e diretora médica do Instituto Couto Maia, Alice Sena, a força-tarefa de vacinação é de extrema importância para evitar que doenças já erradicadas, como a poliomielite, voltem ao País por causa de baixas coberturas vacinais. O último caso da doença na Bahia o foi registrado no final da década de 1980, mas, como o vírus segue em circulação, pode haver o risco de contaminação, causando paralisia e até mesmo a morte.
"As vacinas são um importante aliado para o controle das doenças chamadas imunopreveníveis, ou seja, doenças infecciosas", analisa a infectologista. "À medida que essas coberturas caem, o risco de contato com o agente infeccioso natural e de produção de doenças vai aumentando, porque a vulnerabilidade da população aumenta. Então, para que nós tenhamos o controle dessas doenças, é necessário que se mantenha constantemente altos níveis de cobertura vacinal para diminuir a pressão existente do vírus ou do agente infeccioso."
Meta é alcançar 95% de cobertura
Dados da Sesab mostram que, em 2022, a cobertura vacinal na Bahia atingiu a taxa de 75,6% para vacinação contra a Poliomielite, 75,4% para a Pentavalente, 79,4% para a Pneumocócica e 75,6% para a Tríplice Viral.
Em 2023, apesar de os números ainda estarem defasados por conta de um problema no banco de dados do Ministério da Saúde, que atrasa a atualização dos índices, o Estado já registra uma pequena melhora nas taxas de imunização, registrando cobertura de 75,4% para Poliomielite, 75,8% para Pentavalente, 80,2% para Pneumocócica e 75,8% para Tríplice Viral. A meta é que o índice alcance, no mínimo, 95% do público-alvo de cada imunizante.
"Apesar de as doses estarem sendo lançadas regularmente pelos municípios, a gente ainda não consegue visualizar dados de coberturas vacinais atualizados, pois o Ministério da Saúde precisou fazer uma atualização da versão do sistema e, nessa nova versão, os relatórios de cobertura ainda não estão disponíveis, o que deve acontecer nos próximos meses", explica a coordenadora do Programa Estadual de Imunizações, Vânia Rebouças.
"Até lá, a orientação é que os municípios continuem realizando as boas práticas de incluir os registros em tempo oportuno e de maneira adequada para que, de fato, quando esses relatórios estiverem disponíveis, a gente possa ter uma visualização fidedigna das coberturas vacinais", orienta.
Um levantamento feito pela Sesab mostra que alguns municípios baianos se destacam por apresentarem coberturas vacinais inferiores a 60% para os quatro imunizantes preconizados pelo programa Vacina Bahia. Entre eles está a cidade de Madre de Deus. No município, com pouco mais de 18 mil habitantes, o programa tem conseguido levar a vacina a locais que, até então, ficavam desassistidos, como explica a secretária da Saúde da cidade, Salete Guimarães.
"O Vacina Bahia nos fortalece em termos de capacitação da equipe e nos possibilitou aumentar o quadro de profissionais", afirma a gestora. "Além disso, o programa nos forneceu um carro com o objetivo de buscar a população faltosa. Com esse planejamento, conseguimos observar a melhora significativa na cobertura vacinal no nosso município."
Situação semelhante vive o município de Presidente Jânio Quadros, na região de Vitória da Conquista. "Conseguimos levar o serviço de saúde mais perto das pessoas mais vulneráveis e com a dificuldade de acesso até a sua unidade de saúde", afirma o secretário de Saúde do município, Fabrício Faria. "Recebemos crianças, adolescentes, jovens e idosos com caderneta vacinal com o deficit de até seis imunizantes. Essa atualização garante a efetividade da assistência e a dignidade de saúde para todos."
Como forma de estimular os municípios, de acordo com a Sesab, as 20 cidades que obtiverem as melhores coberturas vacinais, atingindo pelo menos 95% de imunizações para a Poliomielite, Pentavalente, Pneumo 10 e Tríplice Viral, serão contempladas com dois computadores, doados pelo Estado. Já o selo 'Município Amigo da Vacina' será ofertado às cidades que tiverem pelo menos 95% da população imunizada para as mesmas vacinas.
"Vale lembrar que o ato de vacinar é de competência do município, mas o Estado vem acompanhando essas ações com todas as secretarias municipais de saúde e também vem realizando capacitação da rede, promovendo educação permanente, atualizando as informações relacionadas aos protocolos de imunização", completa a coordenadora do Programa Estadual de Imunizações.
De acordo com a Sesab, foram 45 municípios visitados pelo programa entre 14 de setembro e 5 de outubro e 6.381 doses de vacina aplicadas por busca ativa, em 6.424 pessoas, no mesmo período.
Comentários:
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.
Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.