Partos em Hospital Municipal de Serrinha pode reduzir alta demanda de obstetrícia em Feira de Santana

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Partos em Hospital Municipal de Serrinha pode reduzir alta demanda de obstetrícia em Feira de Santana

A construção de uma nova maternidade anunciada pelo governo do estado também trará frutos a longo prazo 

Foto: Mário Sepulveda/ FE
A partir do próximo dia 8 de março, o Hospital Municipal de Serrinha passará a ofertar cirurgias eletivas e partos normais. O anúncio e credenciamento da unidade, que atende a toda a região sisaleira da Bahia, foi assinado ontem (18) pelo governador Jerônimo Rodrigues, durante assinatura da autorização de licitação para construção da nova Maternidade e Hospital Regional do Sisal. 

Jerônimo também garantiu um investimento anual acima de R$ 3,5 milhões. Foi autorizada ainda pela Secretaria de Saúde do estado (Sesab) a adoção de medidas para a cessão de kit parto, kit odontológico e equipamentos. Além disso, no mesmo evento, foi uma entregue uma ambulância para servir à rede do município.

A curto prazo, a realização de partos normais no Hospital Municipal de Serrinha deverá trazer impactos positivos também com relação ao número de atendimentos de obstetrícia, realizados pelo Hospital da Mulher, em Feira de Santana.

Em entrevista ao Folha do Estado, a diretora da Fundação Hospitalar Inácia Pinta dos Santos, Gilbert Lucas, que administra o Hospital da Mulher, destacou que o atendimento de obstetrícia na região é um tema complexo e que muitas pacientes chegam até a unidade vindas tanto de Serrinha como de outras cidades da região do Sisal, em ambulâncias ou por meios próprios, devido à falta de atendimento.
Foto: Mário Sepulveda/ FE

"Todos sabem que o Hospital da Mulher é municipal, uma unidade materno-infantil, mas que tem a pactuação com outros municípios. Porém existe muito a questão do envio de pacientes sem a regulação, isso é fato. E essa é uma questão que na obstetrícia é muito difícil você mudar porque a realidade é que a maioria dessas pacientes está vindo com carro particular, não é mais de ambulância. Então elas sabem que no seu município não tem um atendimento adequado para obstetrícia e vêm direto para Feira ou vão para Salvador. A gente acaba recebendo muitas gestantes de toda a região, de municípios que não são pactuados com Feira de Santana", afirmou Gilbert Lucas.

Uma das razões citadas por ela para esse alto número de atendimentos é o fato de o Hospital da Mulher ser porta aberta na emergência.

"Não temos como hoje trabalhar de porta fechada, só com regulação, porque essas gestantes iriam acabar ficando sem atendimento e com risco para mãe e bebê, pois muitas delas já chegam em trabalho de parto, com pressão alta, eclâmpsia, requerem um cuidado e assistência imediatos. Acabamos recebendo muitas gestantes de Serrinha e toda aquela região. Hoje a gente tem uma média de quase 700 partos por mês. Isso mostra que o Hospital da Mulher é uma referência em maternidade, uma das que mais realiza partos na Bahia, de acordo com dados estatísticos, registrados e já considerados em relação ao nosso atendimento. Hoje temos uma estrutura com cinco obstetras em regime de 24 horas na emergência do hospital, com enfermeiras obstetras também plantonistas", pontuou.

Segundo a diretora da Fundação, o município de Serrinha possui pactuação para apenas alguns tipos de procedimentos no Hospital da Mulher. Agora com o credenciamento para realização de partos na própria unidade, deverá idealmente absorver a demanda do Sisal. "Pelo que vi de imediato ele irão realizar partos normais, e eles vão ter que absorver essa demanda. Porém é muito difícil dizermos que não iremos atender, porque a gestante que chega na emergência tem que ser atendida", refletiu.

Como exemplo de município não pactuado está Santo Amaro. No entanto, semanalmente, muitas pacientes de lá vêm ao Hospital da Mulher para dar à luz. De acordo com Gilbert Lucas, essa situação sobrecarrega sobremaneira as despesas de Feira de Santana.

"O SUS não deixa de pagar mesmo que não seja pactuado. O problema todo é que a contrapartida recai para Feira de Santana, porque sabemos o valor de um parto, mas o custo é muito maior para se manter uma gestante. A gente atende tabela SUS, porém o sistema paga por um parto uma média de R$ 530 para médio risco. No entanto, o custo para a gente acaba sendo entre R$ 3 e 4 mil por uma gestante, com toda a estrutura que você tem que dar."

Gilbert Lucas espera que o credenciamento do Hospital Municipal de Serrinha e a construção da nova Maternidade e Hospital Regional do Sisal, autorizada ontem (18) pelo governo do estado, com investimentos acima de R$ 180 milhões, reduzam a buscam por atendimentos em Feira.

"Aquela região toda acaba vindo para Feira de Santana. E a gente espera e acredita que lá seja um hospital de porta aberta, porque se for apenas para ser regulação de porta fechada, a demanda vai acabar vindo para Feira do mesmo jeito. Com certeza é muito importante essa reestruturação, porque a obstetrícia é muito complexa", reforçou.

 

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Sexta, 21 Fevereiro 2025

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