Excesso de jogos e telas podem ser “gatilho” para vícios futuros

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Excesso de jogos e telas podem ser “gatilho” para vícios futuros

O aumento do uso de dispositivos digitais por crianças e adolescentes tem gerado um intenso debate

Foto: Reprodução/Leiturinha
Nos últimos anos, o uso de telas por crianças e adolescentes se tornou uma realidade cada vez mais presente. Com o avanço da tecnologia e a popularização de dispositivos como smartphones, tablets e computadores, a interação dos jovens com esses meios digitais tem suscitado debates sobre os efeitos positivos e negativos dessa prática.

O aumento do uso de dispositivos digitais por crianças e adolescentes tem gerado um intenso debate sobre os efeitos dos jogos online e do tempo de tela em seu desenvolvimento. Com a pandemia de COVID-19 acelerando a transição para o ensino remoto e a interação digital, compreender esses impactos tornou-se mais relevante do que nunca.

Uma pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que cerca de 90% das crianças e adolescentes em países desenvolvidos têm acesso a dispositivos móveis. Essa conexão permite que eles acessem uma infinidade de informações, desenvolvam habilidades digitais e se mantenham conectados a amigos e familiares. Plataformas educacionais, por exemplo, têm se mostrado ferramentas valiosas no aprendizado remoto e no reforço de conteúdos escolares.

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Entretanto, o uso excessivo de telas pode trazer consequências prejudiciais, como alerta Alfredo Neto, psicólogo, especialista em Saúde Mental e Psicologia Hospitalar, em entrevista ao Jornal Folha do Estado. Ele explica como o uso da tecnologia de modo a aproveitar todo seu potencial, ao mesmo tempo em que destaca como os jogos impactam no desenvolvimento neurológico, da saúde mental e da construção de relações sociais significativas nas novas gerações.

"Se existem benefícios que os jogos online podem oferecer para crianças e adolescentes? Sim! Tem alguns estudos que comprovam alguns benefícios, entretanto, esses benefícios têm que ser muito bem estudados e monitorados pelos pais. A interação social pode estar dentro desse contexto a rapidez de pensamento, dependendo do jogo online, se for um jogo que estimule a inteligência integratividade e interatividade desse dessa criança ou desse adolescente, é visto de forma positiva, porém há que se ter cuidado e tem que ser observado pelos pais, que tipo de jogo é, para que esses benefícios possam realmente ser efetivos. Isso tem que ser organizado no tempo correto, da maneira correta, para que isso não gere prejuízos mais tarde com esse com esse adolescente".

Por outro lado, de acordo com o especialista, o uso excessivo de telas e a exposição a conteúdos inadequados podem ter consequências negativas.

"Primeiro, a perda de foco, tanto nos estudos, quanto no labor, quanto nas tarefas domésticas, se os pais entenderem essa parte de tarefas domésticas. A interação com os familiares, interação com os amigos de forma mais efetiva e também a perda de identidade nesse jogo online, os bullying sofridos que não são tratados, que ficam no esquema do jogo, às vezes por conter xingamentos, o nível de estresse, o nível de ansiedade perpetrados dentro do jogo on-line é aumentado. Se o jogo é interativo, isso tem que ser visualizado e qual o tipo de jogo. Claro que todo jogo, principalmente jogos on-line, existe um estudo profundo da Organização Mundial da Saúde voltado aos jogos on-line, mostrando que 10%. Do que é lançado em nível de serotonina e em nível de dopamina principalmente, faz com que essa criança ou adolescente possa criar sim um vício no jogo online e aí deixar de fazer as tarefas escolares, se afasta do convívio social que é realmente prejudicial no seu crescimento", detalha o psicólogo.

Desenvolvimento de futuros vícios

"Usuários de jogos online da infância podem ser viciados em outros jogos na fase adulta? Isso é uma questão bem difícil de estabelecer esse link, porém, se há um retorno, principalmente psicológico de gratificação, pode mais tarde ser envolvido em outros jogos para além do jogo online, um vício. Um jogo por diversão, por entretenimento, sim pode levar a outros jogos, inclusive os jogos de ganhos financeiros, os mesmos jogos que estão realmente sendo combatido dos hoje em dia".

Companhia dos pais

Alfredo diz ainda que os pais que se envolvem no tempo dos seus filhos, jogando online com eles na tentativa de reduzir danos, não especificamente estão reduzindo. "Porque tem uma liberação de dopamina, pode também os pais estarem envolvidos e esquecerem a dinâmica de pais e filhos. O que tem demonstrado essa proximidade é a questão de 'quem é quem' no jogo dos papéis entre os filhos e os pais e isso pode ter que ser observado. Os pais devem se envolver sim, observando o tempo lógico das crianças e adolescentes", recomenda.

Sobre as medidas que as plataformas de jogos podem adotar para garantir a segurança dos jovens jogadores, este especialista diz que é um amplo campo a ser debatido e defende a implementação de mais segurança no cadastro.

"Primeiro é tentando essa associação com os pais para a liberação dos jogadores. Talvez em plataformas onde os pais possam colocar suas características, por exemplo. Mas é muito difícil ver o nível de segurança sobre esse assunto. Talvez uma plataforma onde para se abrir tem que fazer identificação facial, por exemplo. Isso pode ser uma medida de poder controlar a entrada do jogo online. Então o tempo é essencial e a observação dos pais, dos responsáveis, é essencial para que não se troque o hobby pela institucionalização acadêmica que é necessária".

Mundo digitalizado

"O mundo mudou, nós estamos no mundo digitalizado, com várias interferências, então o papel dos pais na observação dessa interação é extremamente importante. Pais, professores, educadores, existem jogos que trazem essa habilidade cognitiva, que impulsiona a cognição, mas tem que se mensurar tempo de tela e tempo de tela mensurado é saúde mental. Você não pode trocar a sua vida acadêmica, os exercícios físicos, a vida social pela tela, isso é prejudicial no nível de interação. Esse nível de interação pode ser sim mediado por professores, por pais, desde que isso tenha sido feito em um termo lógico. Se tem dúvidas, pode procurar um profissional da área de saúde, ou psicólogo ou psiquiatra, para que possa entender o porquê o filho está trocando e tendo ganhos secundários com a tela", diz o clínico.

Neto destaca ainda que existem estudos que relacionam o uso dos jogos online com habilidades e resolução de problemas de trabalho em equipe e que existe uma estratégia segura para adicionar os jogos às tais áreas de desenvolvimento.

"Existem, sim, estudos onde há essa dinâmica junto com a aprendizagem. Mas, volto a dizer, como eu tenho dito nas outras áreas, isso tem que ser observado, isso tem que ser regularizado e fiscalizado pelos pais. Existem, mas se a criança está sozinha, se a adolescente está sozinha, pode preferir estar em outros jogos que são mais instigantes".

Outra questão apontada por Neto, é a venda dos produtos dentro dos jogos que tem até moedas pode inverter para uma situação voltada para 'ganhos e ganhos' , mas fora do equipamento educacional financeiro. 

 

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Segunda, 21 Outubro 2024

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