Para mulheres, vencer eleição é só primeiro passo de um caminho árduo na política

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Para mulheres, vencer eleição é só primeiro passo de um caminho árduo na política

A batalha pelo exercício pleno do mandato de Eremita Mota (PSDB), tem sido prova que a luta não acaba após vitória nas urnas

Crédito: Reprodução
Eremita Mota de Araújo, ou só Eremita Mota, é mãe de dois filhos, professora, presidente do PSDB Mulher baiano e vereadora. Esta última atribuição, se dá justamente por Eremita acreditar na importância da representatividade feminina na política. A cadeira ocupada na Câmara Municipal de Feira de Santana é dela há 5 mandatos, e tem como grande marco em sua vida política ser a primeira mulher presidente da Casa Legislativa da cidade. Contudo, mesmo com uma vida pública de chamar atenção, a vereadora feirense é prova de que, para uma mulher, vencer a estrutura machista, na campanha eleitoral, é só o primeiro passo. A batalha pelo exercício pleno do mandato de uma mulher é cotidiana.

O primeiro e árduo passo foi consolidado: ela foi eleita! E após, foi reeleita por diversas oportunidades, mostrando que de política, ela entende bem, mas, se engana quem pensa que essa caminhada contra o machismo na política acabou. Eremita Mota tem dado diversos desses passos desafiadores ao longo de sua carreira, e à redação do Jornal Folha do Estado, conta um pouco acerca do tema.

"Na primeira semana de janeiro ouvi tudo de ruim sobre mim, fui ofendida e houve quebra de decoro, eu prestei uma queixa-crime, mas pela justiça ser lenta, termina em pizza, e eles vão continuar fazendo o mesmo, quem sabe, pior. Desde que ganhei o mandato, antes de assumir a presidência, ouço que não iria assumir, que iriam me derrubar, faziam reuniões para destituir a Mesa Diretiva que venceu junto comigo. Venci, e o ex-presidente vem me perseguindo demais, sem que nunca houvesse nenhum motivo ou aborrecimento. Criaram uma cortina de fumaça com a intenção de me desgastar, cientes que a mulher muitas vezes não aguenta a pressão, mas, eu sou guerreira", confessa Eremita Mota.

Na última semana, uma confusão na Câmara de Vereadores ensejou um festival de ofensas à Presidente. Que assistiu a cada discurso em Tribuna, concedeu cada 'aparte' e pedido de fala aos colegas, em Plenário, com postura e calma, cumprindo o Regimento da Casa. 

"Infelizmente, tem dias que ficamos fragilizadas, hoje [ontem, 7], é um deles. Homem quando se irrita com o outro, ameaça, chamam para briga, mas, eu não vou chamar e termino assim, sendo atingida emocionalmente, e tendo, por eles, a minha história de 5 mandatos sendo invisibilizada. Já vi em outras vezes aqui dentro, presidentes homens com problemas chamarem os colegas parlamentares para resolver problema, eles iam, quando é comigo, eles não querem resolver. Quando a mulher ocupa um cargo de poder, eles não aceitam, nenhum homem no meu lugar recebendo tantas ameaças, xingamentos, recadinhos e pressão, suportaria com a paz e tranquilidade que eu tenho suportado", contou a vereadora.

Na prática

Segundo informações do TSE Mulheres, nas eleições de 2022, o público feminino representou 53% do eleitorado brasileiro. No entanto, as mulheres representavam apenas 34% das candidaturas aos cargos disputados nas últimas eleições (deputados estaduais e federais, senado e presidência). Das candidaturas de 2022, 18% do parlamento eleito é representado por mulheres e 14% do parlamento reeleito é feminino.

Burocracia institucional, silenciamento, agressões virtuais, a ofensiva das fake news, manobras para evitar ocupar espaços institucionais internos (comissões, mesas, frentes parlamentares, etc), exposição de vida privada são as diversas fontes de constantes ataques, que prejudicam o exercício pleno do mandato parlamentar de mulheres, em todo o País, depois de eleitas, como já explicitado, com Eremita não foi diferente, mas, apesar de tudo, ela se destaca na política como um case de sucesso e encoraja outras mulheres.

"Nós temos uma cultura de anos atrás, quando as mulheres começaram a ter seus direitos garantidos, os homens se manifestaram contra a nossa ocupação em cargos, na Câmara de Feira, são 19 homens e 3 mulheres apenas, e mesmo exigindo mais respeito, este, está longe de acontecer. Os candidatos gostavam quando eu estava ajudando que fossem eleitos, mas na minha vez, tive que enfrentar vários 'nãos'. Cada pessoa tem que confiar em si, saber o que quer. Participar da política é fazer um país mais justo, se você tem a sua certeza e um desejo que te faz feliz, supere os tropeços, vença o medo e confie em si mesma, a legalidade, seriedade e fé, vai nos amparar", concluiu Eremita Mota. 
 

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Quarta, 15 Janeiro 2025

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