Áudios de aliado de Jair Bolsonaro preso em ação da PF revelam plano de golpe de Estado
Ailton Barros sugeriu ainda prender o ministro Alexandre de Moraes
Áudios de uma conversa de dois aliados de Jair Bolsonaro, presos pela Polícia Federal (PF) na última quarta-feira (3), revelam planos de um golpe de Estado.
De acordo com a transcrição do material divulgado pela CNN Brasil, na noite desta quinta (4), o ex-major do Exército e amigo próximo de Bolsonaro, Ailton Barros, discutiu com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência da República, planos de ruptura institucional que incluíam a prisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em três áudio revelados pela jornalista Daniela Lima, Ailton descreve o que chama de "conceito da operação". Ele sugeriu que o comandante do Exército Freire Gomes fosse pressionado em 15 de dezembro de 2022, "para que ele faça o que tem que fazer".
"Até amanhã à tarde, ele aderindo… Bem, ele faça um pronunciamento, então, se posicionando dessa maneira, para defesa do povo brasileiro. E, se ele não aderir, quem tem que fazer esse pronunciamento é o Bolsonaro, para levantar a moral da tropa. Que você viu, né? Eu não preciso falar. Está abalada em todo o Brasil", defendeu o ex-militar, apontando que seria necessário um pronunciamento do comandante ou do então presidente, para dar "legalidade" aos atos. Segundo ele, "de preferência, o Freire Gomes", que em sua avaliação, deste modo, seria "tudo dentro das quatro linhas".
De acordo com os planos relatados por Freire, no dia seguinte, 16 de dezembro, deveriam estar prontos todos os atos, todos os decretos da ordem de operações". "Pô (sic), não é difícil. O outro lado tem a caneta, nós temos a caneta e a força. Braço forte, mão amiga. Qual é o problema, entendeu? Quem está jogando fora das quatro linhas? Somos nós? Não somos nós. Então nós vamos ficar dentro das quatro linhas a tal ponto ou linha? Mas agora nós estamos o quê? Fadados a nem mais lançar. Vamos dar de passagem perdida?", pontuou.
Apesar de ter sugerido ações para dar ares de normalidade ao movimento, o ex-major não descartava incorrer na ilegalidade. "Se for preciso, vai ser fora das quatro linhas", admitiu. "Nos decretos e nas portarias que tiverem que ser assinadas, tem que ser dada a missão ao comandante da brigada de operações especiais de Goiânia de prender o Alexandre de Moraes no domingo, na casa dele", defendeu.
A brigada em questão é o Batalhão de Ações e Comandos, o mesmo que o tenente-coronel Mauro Cid assumiria, após o fim do mandato de Jair Bolsonaro (PL). O plano, entretanto, foi abortado por interferência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que impediu a posse. Na ocasião, o atual chefe do Executivo chegou a demitir o comandante do Exército, Júlio César Arruda, que se recusou a impedir a posse do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Ao final, a medida foi tomada pelo novo comandante do Exército, Tomás Miguel Ribeiro Paiva.
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