População baiana perdeu qualidade de vida por questões financeiras e educação
É o que revela pesquisa realizada pelo IBGE
Segundo os resultados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018 sobre indicadores de qualidade de vida, divulgados nesta sexta-feira (26) pelo IBGE, dentre os estados, a Bahia tem o 11º pior Índice de Perda de Qualidade de Vida (IPQV): 0,200. No Brasil, o indicador para toda a população ficou em 0,158, portanto melhor que o baiano. Isso indica que a população do estado tem, de uma formal geral, uma maior perda de qualidade de vida do que a média do país.
Santa Catarina (IPQV de 0,100), São Paulo (0,113) e Paraná (0,113) têm os melhores IPQV (mais baixos), o que significa que os moradores desses estados têm menos impactos negativos (perdas) na sua qualidade de vida. No outro extremo, Maranhão (0,260), Pará (0,244) e Acre (0,238) têm os maiores IPQV, ou seja suas populações têm, em média, as perdas de qualidade de vida mais representativas do país.
Entre os estados do Nordeste, a Bahia tem o terceiro melhor IPQV, pior do que os verificados em Sergipe (0,187) e Ceará (0,189).
Já o Índice de Desempenho Econômico (IDS) da Bahia (5,686) foi o 13º mais baixo entre as 27 unidades da Federação e menor do que a média do país (6,201). A soma ponderada do IDS de cada unidade da Federação define o resultado do Brasil.
Os melhores desempenhos socioeconômicos, segundo o índice, estão no Distrito Federal (6,970), em São Paulo (6,869) e Santa Catarina (6,826). Já os piores estão no Maranhão (4,897), no Pará (5,099) e em Alagoas (5,264).
Entre os estados do Nordeste, a Bahia tem o segundo melhor, abaixo apenas de Sergipe (5,879).
Das seis grandes dimensões avaliadas pelo IPQV e que podem levar a perdas na qualidade de vida, as que mais impactam negativamente o Índice de Desempenho Socioeconômico da Bahia são acesso a serviços financeiros e padrão de vida; e educação. Elas concentram, respectivamente, 20,2% e 18,6% das perdas de qualidade de vida no estado – juntas somam quase 40%.
No Brasil como um todo, essas também são as duas dimensões com maiores privações, com 19,5% e 19,1% das perdas de qualidade de vida, respectivamente. Mas na Bahia o peso do acesso a serviços financeiros e padrão de vida entre as privações é maior que a média.
Nessa dimensão são levadas em conta variáveis como não ter conta corrente nem poupança em banco (variável de maior peso); não haver alguns bens no domicílio (como fogão ou geladeira, máquina de lavar roupa etc.); e a família ter contas de água, luz ou gás ou prestações atrasadas – entre outras.
Por outro lado, na Bahia, as dimensões que menos contribuem para a perda de qualidade de vida, logo impactam menos o Índice de Desempenho Socioeconômico, são moradia (14,1%) e saúde e alimentação (14,7%).
No país como um todo, o acesso a serviços públicos é a dimensão que concentra menos perdas (13,9%), seguida de bem perto por saúde e alimentação (14,0%).
Nacionalmente, as perdas de qualidade de vida por conta de questões relacionadas a moradia (16,2%) são bem mais representativas do que na Bahia (14,1%). Dentre os estados, a população baiana tem o segundo menor impacto da dimensão moradia na qualidade de vida e no desempenho socioeconômico, acima apenas do verificado apenas em Rondônia (13,8%).
Entre as variáveis consideradas na dimensão moradia estão densidade domiciliar excessiva; o domicílio ter mosquitos, insetos, ratos; estar localizado em encosta, área sujeita a deslizamento ou inundação, entre outras.
IPQV e IDS
O Índice de Perda de Qualidade de Vida (IPQV) foi construído a partir de alguns dos indicadores qualitativos e subjetivos calculados para todos os temas estudados pela POF 2017-2018, agrupados em seis dimensões: 1) moradia; 2) serviços de utilidade pública; 3) saúde e alimentação; 4) educação; 5) acesso aos serviços financeiros e padrão de vida; e 6) transporte e lazer.
Cada uma dessas dimensões é formada por uma série de variáveis, que somam 50, no total. Alguns exemplos de variáveis são o domicílio não tem banheiro (moradia); o lixo não é coletado de nenhuma forma (serviços de utilidade pública); a família sofre algum grau de insegurança alimentar (saúde e alimentação); há na família pessoas de 6 a 17 anos fora da escola (educação); o domicílio tem contas de água ou luz atrasadas (acesso a serviços financeiros e padrão de vida); e a família avalia seu lazer como ruim (transporte e lazer).
Cada uma das 50 variáveis tem um peso na sua dimensão e recebe uma pontuação de 0 ou 1, onde 1 indica que a pessoa ou a família sofre privação. Embora as variáveis tenham pesos individuais diferentes, todas as dimensões têm o mesmo peso na formação do IPQV. Ou seja, para o cálculo do índice, não há diferença de importância entre educação ou moradia, por exemplo.
Quanto mais perto de 0, menor a perda de qualidade de vida, ou seja, melhor o IPQV. Quanto mais perto de 1, pior. Isto é, quanto maior o índice, maior a perda de qualidade de vida.
O Índice de Desempenho Econômico (IDS), por sua vez, busca medir o progresso socioeconômico dos estados e do país como um todo, descontadas as privações, ou perdas de qualidade de vida, sofridas pela população.
Para sua construção, utilizou-se a renda disponível familiar per capita, calculada pela POF 2017-2018, como medida de progresso socioeconômico, enquanto o Índice de Perda de Qualidade de Vida (IPQV) foi usado como indicador da privação.
Ao fazer uma espécie de “balanço” entre a renda disponível per capita e a perda de qualidade de vida, o Índice de Desempenho Socioeconômico (IDS) mostra em que medida a população consegue converter recursos financeiros em qualidade de vida.
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