Irmã de grávida morta relata relacionamento abusivo entre vítima e ex-vereador
Vitória Régis, irmã de Jéssica Regina Macedo Carmo, morta na cidade de Santo Estevão, afirma que a vítima vivia um relacionamento abusivo com o suspeito, o ex-vereador George Passos Santana.
"Ele é uma pessoa possessiva. Todo mundo sabe que ele é muito possessivo. Tanto é que ela só ficava em casa, só vinha ver a filha e não demorava quase nada e ia embora", disse Vitória Régis.
Jéssica Regina Macedo Carmo estava com nove meses de gestação e foi baleada com um tiro nas costas, no último sábado (5). George alega que o disparo foi acidental, mas a família da vítima rebateu a informação .
Segundo os familiares de Jéssica, ela vivia em um relacionamento marcado pela violência, e era impedida de ver a própria filha, fruto de um relacionamento anterior.
"[George] Tinha a senha do celular dela, olhava tudo da vida dela. Tudo, o WhastApp clonado, eu peguei o celular vi".
Mesmo após se apresentar na delegacia, George não foi preso porque havia passado o prazo do flagrante.
George ocupava o cargo de chefe de gabinete na prefeitura e foi exonerado do cargo na segunda-feira (7). Na ocasião, a prefeitura também repudiou "qualquer tipo de violência, sobretudo aquela praticada contra mulheres".
O caso era investigado pela Delegacia de Santo Estevão . No entanto, a delegada-geral da Polícia Civil da Bahia, Heloísa Brito, determinou que a Coordenadoria Regional de Feira de Santana assuma o trabalho, para que o inquérito seja concluído com mais rapidez.
Versões contraditórias
A família de Jéssica disse que além do ferimento do tiro nas costas, ela tinha hematomas pelo corpo. O pai da vítima chegou a ir ao Hospital Doutor João Borges Cerqueira, onde ela foi socorrida, e encontrou com George na unidade. Na ocasião, o ex-vereador disse que sua esposa tinha caído em cima de uma gaveta.
"Para o meu esposo ele falou uma coisa, para o meu pai ele falou outra, que ela caiu e bateu a barriga na gaveta. Quer dizer, duas versões, ele já está mentindo", questionou Vitória Régis.
O investigado se apresentou à delegacia e disse, em depoimento, que lavava o carro na porta de casa quando Jéssica o chamou para conversar sobre o relacionamento. George disse que ela estava com as mãos para trás e que ele teria desconfiado do gesto.
George narrou ainda que houve uma discussão e, em seguida, um disparo de forma acidental. Ainda no depoimento, o ex-vereador disse que ficou parado, olhando para o teto, porque pensou que o tiro tinha atingido a casa.
Depois disso, George disse ter percebido que Jéssica havia sido baleada nas costas, então, a levou para o hospital. Ainda de acordo com a família da vítima, o imóvel onde o casal morava tem câmeras de segurança, mas as imagens teriam sido apagadas antes de Jéssica ser levada ao hospital.
A coordenadoria que passou a investigar o caso informou que vai apurar o suposto apagamento das imagens das câmeras de segurança da casa, e disse ainda que solicitou os registros das câmeras de monitoramento da região onde fica a residência.
Os familiares fizeram um protesto na segunda-feira (7) para pedir justiça. A mãe da vítima, Janete Pereira, falou sobre a perda da filha e do neto.
"É muito triste perder uma filha saudável e um neto. Uma tragédia. Como é que pode, uma pessoa tirar uma vida e botar a culpa na [vítima], [que estava] grávida e já ia ganhar o neném na próxima semana", relatou, emocionada.
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