Médico que vendia 'kit-Covid-19' com cloroquina é condenado à prisão
A eficácia do medicamento contra o coronavírus nunca foi provada
A Justiça dos Estados Unidos condenou o médico Jennings Ryan Staley à prisão por contrabandear hidroxicloroquina para o país e inserir o medicamento em 'kit Covid' que ele revendia como uma "cura" para a doença. O homem ficará preso por 30 dias e depois passará um ano em prisão domiciliar. A eficácia do medicamento contra o coronavírus nunca foi provada.
Em 2021, Staley se declarou culpado pelo crime de importação ilegal e admitiu que tentou contrabandear com fornecedor chinês um barril com 11 quilos de pó de hidroxicloroquina com o rótulo de "extrato de inhame". Segundo os autos do processo, o médico sugeriu a rotulagem incorreta para outro fornecedor, que pediu "desculpas" e alegou que não faria isso.
O profissional da saúde também revelou que vendia o pó de hidroxicloroquina em cápsulas como uma parte do empreendimento de vendas de "kits de tratamento" em março e abril de 2020, no início da pandemia. O processo também aponta que o homem buscou por investidores para a sua revenda com promessas de "triplicar o seu dinheiro em 90 dias".
A Polícia começou a investigar o médico após receber a denúncia de cidadãos preocupados com a campanha de marketing de Staley.
"De acordo com as admissões em seu acordo de confissão, Staley descreveu seus produtos - que incluíam a hidroxicloroquina - como uma cura 'cem por cento', uma 'bala mágica', uma 'arma incrível' e 'quase bom demais para ser verdade'. Em conversas com um agente disfarçado do FBI se passando por um cliente em potencial, Staley afirmou que os produtos forneceriam pelo menos seis semanas de imunidade", afirmou a Justiça dos EUA.
Na confissão, o médico afirmou que as falas "de impacto" eram importantes para seus clientes em potencial e se responsabilizou por usar sua profissão como meio para executar seu esquema ilegal.
O agente do FBI disfarçado comprou seis kits de tratamento por US$ 4 mil (cerca de R$ 19 mil). Durante conversas com o falso cliente, Staley fez declarações sobre a eficácia do seu produto e chegou a afirmar que pegou: "o último tanque de hidroxicloroquina, contrabandeada da China, domingo à noite às 1h da manhã. O fornecedor contrabandeou, por assim dizer, enganou a alfândega dizendo que era extrato de batata doce."
"Staley também admitiu que impediu deliberadamente e procurou obstruir a investigação federal sobre sua conduta mentindo para agentes federais. Especificamente, quando entrevistado pela polícia, Staley negou falsamente ter alegado que seus 'kits de tratamento' eram uma 'cura cem por cento eficaz', acrescentando que 'isso seria tolice'."
Além da prisão, o juiz dos EUA responsável pelo processo, Gonzalo P. Curiel, exigiu que o condenado pagasse uma multa de US$ 10 mil (R$ 47,5 mil). O magistrado também ordenou a retenção de bens financeiros do médico no valor de US$ 4 mil, como estorno pelo valor gasto na investigação pelo agente disfarçado do FBI na compra do kit Covid.
O juiz também mandou apreender mais de 4.500 comprimidos de diferentes tipos, sacos com pílulas vazias e uma máquina para encher os comprimidos.
"No auge da pandemia, antes que as vacinas estivessem disponíveis, esse médico [Staley] procurou lucrar com os medos dos pacientes", disse o procurador dos EUA Randy Grossman. "Ele abusou de sua posição de confiança e minou a integridade de toda a profissão médica. Estamos comprometidos em fazer cumprir as leis dos Estados Unidos e proteger os pacientes, incluindo processar médicos que optam por cometer crimes".
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