Trabalhadores do SAMU 192 cobram pagamento da Micareta de 2023 e ameaçam parar

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Trabalhadores do SAMU 192 cobram pagamento da Micareta de 2023 e ameaçam parar

Paralisação deve ocorrer em plena Micareta 2024 

Crédito: Enviado por leitor

Servidores do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) de Feira de Santana, reclamam o não recebimento do pagamento pelo trabalho na Micareta 2023 e avisam a sociedade feirense que caso o pagamento, que tem um ano de atraso, e outras várias pautas, como o sucateamento das ambulâncias, não sejam atendidas e negociadas até quarta-feira (17), um dia antes do início das Micareta, irão suspender as atividades.

"Nós enviamos um ofício através do Sindimed para poder reivindicar nossas pautas. Uma das nossas reivindicações foi o pagamento do extra da Micareta do ano passado que não foi feito. O argumento deles é que tinha muita hora extra no contracheque para receber e por conta disso não conseguiu efetuar. Outro dos pontos principais, foi um REDA que foi feito na tentativa de substituir a gente que já tem 20 anos e o pessoal do REDA ainda entrou com salário maior do que quem já estava no serviço desempenhando as mesmas funções. Outra das nossas reivindicações é sobre materiais das ambulâncias que estão totalmente danificados. Não tem nada na ambulância, coisas básicas, como dipirona falta. Agora que estão fazendo as reposições depois das denúncias", diz a servidora que preferiu não ser identificada por medo de retaliação.

A profissional de enfermagem conta que foi feito um documento (cujas cópias a redação do Folha do Estado teve acesso) depois de tentar inúmeras vezes contato e negociação com a coordenação geral da instituição sem sucesso. "Sempre relatando as dificuldades. A coordenação sempre sabe o que falta e o que não falta no serviço, isso é fato! Depois disso a gente decidiu se mobilizar e fazer as denúncias, procuramos a coordenação amigavelmente e não fomos atendidos. Depois de muita luta, muita mediação com o líder do governo e após a gente ir para Câmara, o vereador Jhonatas Monteiro foi quem nos apoiou, que foi fazer a fiscalização da denúncia que foi feita e constatou que tudo que falamos procedia, tendo vídeos nas redes sociais postados por populares mostrando também as deficiências do serviço, tudo que não é reparado. O sindicato orientou a gente que tínhamos o direito de fazer a paralisação e a greve. Depois disso, a coordenação geral decidiu nos atender, junto com o líder do governo, mas não atendeu nenhuma das nossas pautas".

Além das más condições de trabalho, falta de diálogo, os servidores alegam passar por perseguição e retaliação direta por conta das reivindicações.

"Tem um pessoal que atende o telefone que trabalhou por 14/16 anos, em uma escala de regime 12/36 de plantão e depois que teve esse REDA e não puderam nos substituir porque entramos na justiça buscando estabilidade trabalhista e o juiz nos concedeu o direito de permanecer no serviço enquanto durar o projeto como está no nosso contrato. Entretanto, como forma de retaliação, ela alterou a escala da pessoa de 12 horas e colocou para 6 horas e assim, quem trabalhava 14 períodos, passou a trabalhar por 28 períodos. Então uma das pautas é essa, pedir o retorno da escala, mas ela disse que não tinha como. Nessa mudança de escala, um direito do trabalhador, o auxílio alimentação, foi retirado também do pessoal, em média de R$ 400 foi tirado", reclama.

Ambulâncias em estado de degradação

Uma das pautas de reivindicações é o estado de sucateamento e degradação das ambulâncias, o que compromete diretamente o atendimento nas urgências e emergências.

"Dentre tantas coisas, todos os materiais danificados das ambulâncias que tem 20 anos só fingindo que funcionam, como desfibrilador cardioversor, bomba de infusão, respirador. Tudo só de enfeite. Temos fotos e provas de tudo. Na reunião que tivemos com a coordenação, foi solicitado que eles dessem um prazo para atender nossas pautas e deixamos claro que não iríamos abrir mão de pauta nenhuma. Hoje estamos vendo até pequenas melhoras, mas a questão dos salários, não. Os técnicos de enfermagem tiveram salários reduzidos durante a pandemia sem aviso prévio, foram solicitados inúmeras vezes para tentar recuperar o benefício e não conseguimos até hoje. Foi montada uma comissão de representantes em nome dos profissionais. Com apoio das coletas montamos a carta para que a sociedade feirense fosse comunicada. A questão da retaliação foi complicada e assinamos como funcionários, mas hoje ela não pode demitir a gente, pode acontecer o que já aconteceu com um colega que a esposa prestava serviço na secretaria e foi demitida logo após ele ter ido para Câmara de vereadores. As outras formas é colocar a gente nos piores lugares, nas piores ambulâncias, coisas que já estamos acostumados. Em 10 anos, folguei na Semana Santa só este ano", conta a socorrista.

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Em nota à imprensa, a Secretaria de Saúde, diz que que a coordenação do SAMU sempre esteve à disposição para o diálogo com os profissionais e que as ambulâncias do SAMU estão em perfeito estado.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) informa que não haverá descontinuidade na prestação do suporte especializado oferecido à população de Feira de Santana. Além de ser uma referência no segmento com a média de 90 assistências diárias, o SAMU é um serviço essencial que não pode ser paralisado.

A prestação de atendimento feita pelo SAMU é indispensável para salvar vidas. Sendo assim, é válido ressaltar que a fala de alguns funcionários não representa o todo. Somente neste ano, mais de 7 mil ocorrências foram atendidas. Na cidade, o serviço é disponibilizado 24h, por meio do número 192.

As ambulâncias do SAMU possuem respirador (ventilador mecânico), desfibrilador, cateteres e soros. Não há falta de materiais para realização das ações do serviço. Já o abastecimento de materiais do SAMU é feito regularmente, e caso haja necessidade, é efetuado um reabastecimento extra.

Em 2023, o SAMU obteve diversos investimentos como a aquisição de cinco novas ambulâncias, descentralização das bases e realização de processo seletivo para preenchimento de 238 vagas com quadro de reserva.

Em fevereiro, o serviço instalou uma nova base no Shopping Popular para garantir uma resposta mais ágil às demandas de emergência, considerando a concentração de pessoas e atividades na região comercial. Para este ano, também está prevista a aquisição de quatro novas ambulâncias, sendo uma de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Vale destacar que a coordenação do SAMU sempre esteve à disposição para o diálogo com os profissionais.

Até o momento do fechamento desta edição, a coordenadora do SAMU, Maíza Macedo, não retornou nosso contato e nem emitiu nota pública sobre o assunto.

De acordo com representantes dos trabalhadores, na próxima terça-feira (16) será realizada assembleia no Pátio do SAMU, localizado na Avenida João Durval Carneiro, com indicativo paralisação e para cobrar retorno da gestão sobre a resolução das demandas apresentadas.

 

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