Projeto proporciona novos horizontes para vítimas de violência doméstica
Faculdade e secretaria feirense estão juntas na ação
Com o objetivo de despertar o autoconhecimento e autodesenvolvimento pessoal de mulheres vítimas de violência doméstica, a Universidade Estácio de Sá, em parceria com a Secretaria Municipal Extraordinária de Políticas Para as Mulheres, através do Centro de Referência Maria Quitéria, na Kalilândia, desenvolveu o projeto Mulheres em TransformAÇÃO, que conta com o apoio do poder público através da Secretaria Municipal de Políticas Para as Mulheres.
O projeto multidisciplinar, que foi idealizado e concebido pela Biomédica e professora da Universidade Estácio de Sá, Marilene Silva, busca através do acesso à informação e do empoderamento dessas mulheres, encorajá-las para que possam adquirir condições para mudar a trajetória de vida.
"O nome do projeto não é despretensioso, é proposital e sugestivo mesmo: Mulheres em TransformAÇÃO, onde o sufixo AÇÃO vem, realmente, de agir. Aqui a mulher vai se transformar através da ação, no sentido de retomar as rédeas da sua vida, tanto do ponto de vista psicológico e emocional, quanto do financeiro. O objetivo é despertar o autoconhecimento nestas mulheres, proporcionando o fortalecimento delas, para que possam recuperar sua autoestima e a coragem de que precisam para encarar seus dramas e suas vidas com orgulho e determinação, lhes devolvendo a vontade de viver, pois a quase totalidade delas chega aqui destroçada por dentro", diz a coordenadora.
Dividido em três etapas, o projeto teve início no segundo semestre de 2021 e já está em andamento pelo segundo semestre consecutivo. "Primeiramente, trabalhamos o autoconhecimento e a autovalorização, que é a oficina do Ser, onde a mulher conhece a si própria e se valoriza para, posteriormente, se redescobrir e despertar para a possibilidade de uma nova vida, sem violência ou agressões, sejam físicas ou psicológicas.
A segunda fase é fase do fazer, onde desenvolvemos atividades através de oficinas que funcionam não somente como terapia, mas que também lhes proporcionem uma fonte de renda, pois a maioria dessas mulheres largam seus empregos e suas vidas para casar. Consequentemente, acabam se tornando financeiramente dependentes de seus companheiros agressores, o que as prendem ainda mais a esses relacionamentos agressivos, abusivos e depreciativos", explica Marilene Silvas.
E o projeto e já colhe frutos muito promissores, pois algumas das mulheres que fazem parte dele já conseguiram mudar suas vidas positivamente, recuperando a autoestima e o orgulho. "Eu perdi o medo, pois vivia apavorada. Só de pensar no meu ex-marido, eu já me tremia toda, porque achava que ele ia mesmo me matar. Depois que passei a frequentar o projeto, tomei coragem para enfrentar a situação, busquei apoio e hoje retomei as rédeas da minha vida, me separei, voltei a trabalhar e aluguei uma casa para mim. Hoje eu sinto a alegria de viver", revela Maria Delcyck Assunção.
Paulina Lima, que frequenta este grupo de apoio há quase um ano, também já se sente uma nova mulher, mais empoderada e determinada. "Tomei conhecimento do projeto através da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM). No início, cheguei aqui muito descrente e envergonhada. Eu vivia com medo, pois foram 29 anos de sofrimento com meu ex-companheiro. Mas aqui me senti abraçada e muito acolhida, não só pelo suporte psicológico, mas também pelo apoio das meninas, pois vi que eu não era a única que vivia o terror de um relacionamento violento. Hoje, só quero aprender cada vez mais nessas oficinas. E ainda penso em conhecer alguém e ter um novo relacionamento, pois o projeto me ensinou a não desistir dos meus sonhos e nem da minha felicidade", conta Paulina.
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